UNIP Mudando vidas em Porto Ferreira

Divulgado em 07/02/2016 - 12:21 por portoferreirahoje

 

Rosimeire Geremias Buriti tem olhos brilhantes. No castanho-escuro de seu olhar, carrega 52 anos de vida, a sobrevivência a duas doenças graves e o encantamento pela descoberta de uma nova carreira na meia-idade: o magistério. 

Tudo começou quando os olhos já não brilhavam tanto e tinham um prazo para permanecerem abertos. Diagnosticada com Lúpus (doença autoimune, que afeta todas as articulações ósseas do corpo humano), foi erroneamente informada de que teria apenas cinco anos de vida. Como havia superado um câncer de tireoide uma década antes, acreditou que, daquela vez, a morte era certa. 

Mas, Rose, decidiu aproveitar o que seriam os seus últimos momentos fazendo o que mais gosta: aprendendo. O diagnóstico fatal, em verdade, instigou o prazer de viver. 

Assim, Rosimeire, que era técnica contábil e possuía muitas qualificações na área administrativa, levantou-se da cama, foi até o polo da Unip, em Porto Ferreira, buscar informações sobre os cursos oferecidos na modalidade EaD (Ensino à Distância) e optou por iniciar a graduação em Pedagogia, em Formada, trabalhando na área e apaixonada pelo processo de ensino e aprendizagem em sala de aula, a história de Rose com a educação não é simples. Como centenas de mulheres de sua geração, foi tirada da escola pelo pai, aos 12 anos, após a morte de sua mãe. Filha mais velha entre três meninas, foi obrigada a cuidar das irmãs de 9 e 5 anos. 

Além disso, era um tempo em que os pais, principalmente os que não possuíam estudo algum, acreditavam que tudo o que uma mulher deveria saber limitava-se ao cuidado da casa, do Aos 31, matriculou-se no 5º ano do Ensino Fundamental I, em uma escola noturna em Tambaú. A essa altura, já estava casada e sua filha mais velha tinha 10 anos. Fez o ensino médio técnico em Contabilidade, entre muitos cursos de qualificação e reciclagem profissional.

Leitora ávida (18 a 20 livros por ano), não teve dificuldades em adaptar-se à leitura dos textos que o curso de Pedagogia exige tampouco ao uso da plataforma digital. Além do mais, enquanto remédios combatiam o Lúpus, a graduação EaD mostrou ser o caminho mais viável para levar adiante o seu projeto de vida e o enfrentamento do diagnóstico fatal.

As dores nas “juntas” restringiam seus movimentos, portanto, o modo do ensino à distância permita-lhe abrir o computador em casa, quando se sentia melhor, e realizar as atividades de cada disciplina, o que seria impossível em um curso presencial.

Felizmente, as injeções semanais, no valor de R$ 6 mil cada uma (retiradas gratuitamente nos postos de distribuição de medicamentos de alto custo) fizeram efeito rápido. 

Matriculou-se na Unip de Porto Ferreira em fevereiro de 2012 e, no mês seguinte, ao buscar estágio por conta própria (o estágio obrigatório inicia-se a partir do 2º ano), foi selecionada pelo Colégio John Kennedy para trabalhar por 4 horas com crianças do Maternal. De 2013 a 2015, passou por mais quatro escolas de educação infantil, todas da rede municipal. Prestou e passou em um concurso municipal e, para este ano, aguarda ser convocada para a atribuição. 

Fascinada por seu trabalho, tem para si que, as horas vividas junto aos pequeninos, são algumas das melhores do seu dia. “Eu tenho alegria em trabalhar com as crianças”, afirma, de sorriso aberto e olhos ainda mais brilhantes.

Os olhos de Rosimeire têm uma luz especial: a luz dos que acreditam na educação como forma de transformação pessoal e do mundo.