Porto Ferreira Ontem – Salvador Beleza

Divulgado em 11/04/2019 - 19:00 por portoferreirahoje

Todo município possui cidadãos que se destacam através de seus comportamentos e suas particularidades, sejam os modos, as falas ou os trejeitos. No interior esta presença é marcante, levando em conta o número reduzido de munícipes e o conhecimento geral dos moradores, que identificam até os detalhes não observados na corrida do dia-a-dia.

Porto Ferreira não é exceção à regra. Desde os seus primeiros anos de emancipação político-administrativa, por aqui aportaram pessoas inesquecíveis pela singularidade, preservadas nas memórias de várias gerações. Parteiras, benzedeiras, gozadores e, como a maioria sempre se encantou, as “figuras folclóricas”, manifestando alegrias e tristezas, encenaram o palco da vida, dos costumes e das tradições dos ferreirenses.

Maria Angélica, Honória da Paixão, Pedro Picumã, João Justino, “Pixinxa”, Lazinho cadeado, Bode, Tanta, Cidão vai chovê, Rosinha chuvisco, Alfredinho e tantas personagens ajudaram a compor a lembrança de muitos cidadãos.

Da boa turma, seleciono para esta postagem o Salvador Beleza, assim reconhecido, portador de um bom humor contagiante, e que vivia pelas ruas recebido sempre com carinho pelos munícipes.

Com vestimentas claras, sorriso no rosto, chapéu de palha, barba e cabelos compridos e um saco nas costas, para quem hoje desconhece, representava o folclórico “homem do saco”, porém, sua simplicidade e espontaneidade demonstravam a carência que encontrava no povo a atenção.

Sua residência, por muitas vezes, foi a capelinha que ainda sobrevive, talvez a última, na estrada da Fazendinha. Em síntese, um andarilho que desfrutava do respeito dos ferreirenses.

Sua imagem, lembrada por todos, é complementada pela célebre frase “- Peida, nego!”, pronunciada quando saía repentinamente do local. Chegou a Porto Ferreira sem trazer informações aos moradores de sua origem, e do mesmo modo desapareceu. Veio e partiu, deixando boa recordação e um misto de saudade aos cinquentões e aos mais idosos.

 

Por Miguel Bragioni - Pesquisador da história de Porto Ferreira

* Foto: acervo do Museu Histórico e Pedagógico “Prof. Flávio da Silva Oliveira”