Porto Ferreira Ontem – Quem foi Dona Balbina?

Divulgado em 22/08/2019 - 18:00 por portoferreirahoje

Três irmãs conhecidas pela antiga denominação de “TrezIlhôas” formaram os troncos genealógicos de importantíssimas famílias para a história do Brasil.

Maria da Graça, Júlia Maria e Helena Maria, provenientes da Ilha do Fayal, no arquipélago dos Açores, Portugal, contraíram núpcias com membros das famílias “Soares de Meyrelles” (depois, alterado para Souza Meirelles), Villela e Rezende da Costa. Além disso, uma das filhas de Júlia Maria, Helena, casou-se com Francisco Junqueira, sendo este casal representante de significativa prole.

No decorrer dos séculos XVII e XVIII, os descendentes dessas famílias imigraram para a terra dos índios, tornando-se proprietários de vastas léguas situadas em Aiuruoca, Sapucaí, Baependi, Turvo, Juiz de Fora, Leopoldina, na antiga “Freguezia do Carmo da Cachoeira”, hoje Varginha, entre outras cidades mineiras. Assumiram, pouco a pouco, espaço de destaque no pioneirismo das atividades agrícolas e equinas das localidades.

Segundo a linhagem da família “Souza Meirelles”, quatro ramos distintos originaram as novas gerações: “Pinhal”, “Angahy”, “Laranjeiras” e “Serra”. Os nomes são condizentes às fazendas que possuíam.

Na década 1810, o tenente-coronel João de Souza Meirelles, do ramo “Laranjeiras”, contraiu núpcias com sua prima Joaquina Evarista Villela. Da união, nasceram 15 filhos: João Melchiades, Marianna, Severino, José Villela, Valerio, Maria Ilydia, Joaquina Carmelita, Antonio Soriano, Prudenciana, Marianna Balbina, Urbana Andreza, Candida Theobaldina, Blandina Laura, Joaquim Servulo, Severina Jacyntha.

Marianna Balbina, a décima filha, veio à luz no dia 31 de março de 1831 na terra natal de seu pai, Aiuruoca, Minas Gerais.

Em 1852, ainda em Aiuruoca, casou-se com o mineiro Joaquim Procópio de Araújo, filho do alferes português João Antônio de Araújo Cerqueira. Do matrimônio, nasceram seis filhos: João, Cornélio, Joaquim Júnior, Urbana Augusta, Francisca e Procópio.

Durante a década 1850, grande parte da família do casal adquiriu propriedades em diversos municípios interioranos paulistas. Foi então que Joaquim e Balbina mudaram-se para algumas terras pertencentes ao patrimônio de Pirassununga, fixando residência próxima de seus irmãos e cunhados, e, todavia, construindo novo império na região pouco explorada em agriculturas no nordeste do Estado de São Paulo.

Na década 1870, Joaquim Procópio comprou a gleba “Capão Bonito”, de Francisco Antonio de Sousa Queirós, o Barão de Queirós, rebatizando-a de “Fazenda Santa Marianna” – nome este, em homenagem a sua esposa.

Pouco a pouco, através do cultivo agrícola, sobre tudo cafeeiro e pecuário, as famílias “Souza Meirelles” e “Procópio de Araújo” conquistaram espaço de prestígio e de representatividade na expansão e no progresso de Santa Rita do Passa Quatro, Pirassununga, e, mais tarde, Porto Ferreira.

Em 1886, como uma das benfeitoras da Igreja Matriz de São Sebastião, Marianna Balbina doou à paróquia uma banqueta (6 castiçais) de metal branco com o respectivo crucifixo, e a custodia para exposição do santíssimo.

Após ter perdido o marido e o filho Joaquim Júnior, Dona Balbina faleceu no dia 24 de outubro de 1893, aos 62 anos de idade.

Em memória dos entes queridos, foi erguida uma notável capela, localizada no centro do cemitério municipal de Santa Rita do Passa Quatro, onde se encontram as lápides de alguns membros da família Procópio de Carvalho.

Entretanto, o nome da genitora dos coronéis do café não permaneceu no ostracismo: o filho caçula, Procópio de Araújo Carvalho, o Procopinho, enquanto vereador, depois chefe de governo, mais tarde deputado e senador, desenvolveu renomada influência entre os cidadãos de municípios da região. Por meio das ações filantrópicas do fazendeiro, Porto Ferreira prestou três homenagens distintas a sua mãe: o nome de Dona Balbina foi destinado ao único hospital local, construído a expensas do coronel Procopinho; a capela deste hospital, denominada Santa Balbina; e uma das principais ruas centrais possui o nome da mãe do grande benfeitor.

Hoje em dia, parte da família “Souza Meirelles” possui mais de uma centena de propriedades rurais espalhadas por todo o Brasil, principalmente, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

 

Por Miguel Bragioni - Pesquisador da história de Porto Ferreira

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Fotos: Marianna Balbina de Meirelles, a Dona Balbina, pintura da década 1880, pertencente ao acervo da Fazenda Santa Mariana.