MUITO ALÉM DO ISOLAMENTO SOCIAL

Divulgado em 18/05/2020 - 17:14 por portoferreirahoje

Dizem que depois de 2020 provavelmente a vida não será mais a mesma e o isolamento social se tornou um esplendor para quem sempre esteve distante e, outros tão próximos distanciaram ainda mais, pois nunca fizeram aproximação, contato, nem sequer gostaria de compartilhar a empatia em tempos de maior necessidade.

Para infelicidade da humanização, isto eclodiu silenciosamente como a pandemia que faz estragos na felicidade humana.

Devo dizer que a partir deste tempo, muitos resolveram construir uma sociedade alternativa. Aquela que definitivamente tem uma cosmovisão para enxergar apenas o próprio umbigo, os próprios interesses, a busca por pessoas que possam atender as expectativas sigilosas e correspondentes à supremacia do eu a qualquer custo.  

Pessoas como Francisca Geraldo Rita, não atenderá as expectativas desta nova sociedade alternativa. Ela, 83 anos, mineira natural de Alfenas, há tempo vive em isolamento e certamente é um fantasma social para quem busca apenas construir sua vida pública em conformidade com os preceitos da corrida egocêntrica.

Mas devo dizer-lhes que ela existe, tem endereço, embora não tenha filhos, a viúva há mais de sete anos mora em Porto Ferreira há quase quarenta anos.

O Salmos 23 é sua leitura predileta. Segundo ela, o momento mais difícil foi durante a doença e o falecimento do esposo, com quem viveu uma história de companheirismo e a perda do cônjuge a levou a uma depressão, com raízes na saudade e solidão.

Curada pelo exercício da fé e solidariedade daqueles que conhecem a “irmã Francisca”, adventista do sétimo dia, como uma idosa guerreira, apaixonada pela vida e um ser humano fácil de lidar, expressado esteticamente pelo seu constante sorriso.

Embora a idade pesa-lhe os ombros e na deambulação, trata-se de um pessoa extremamente agradecida, com palavras que vão além de um simples negócio para beneficiar a abordagem do ser politicamente correto. 

Por isto ela pede a Deus que abençoa todas as pessoas da terra, principalmente aquelas que estão vivendo a dificuldade do COVID-19.

Sua oração de interseção, vai muito além do partidarismo político ou da segregação racial, que travam lutas dos bastardos inglórios e querem usurpar prerrogativas de uma divindade, classificando com autoridade quem deva realizar a Oração da Paz, de São Francisco de Assis.

Pelos frutos que Francisca já apresentou sobre a face da terra, ainda que desconhecida, ela pode dizer: “Senhor! Fazei-me um instrumento da vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver a ofensa, que ele leve o perdão. Onde houver a discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver o erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz”.

Palavras que preenchem facilmente o currículo invisível de Francisca Geraldo Rita. Sem frutos da demagogia criada por muitos no isolamento social, mas de uma vida marcada pela prática da solidariedade sem verniz, de alguém que gosta de lê bastante a bíblia, lembra dos momentos felizes quando vivia e trabalhava com a família e que faz apenas um único pedido: “Ganhar um óculos novo, para continuar a realização de sua constante leitura”.

Por  Alex Magalhães Rocha