Porto Ferreira “história em instantes”: da Indústria Oleira a Cerâmica Artística – parte 3

Divulgado em 14/08/2022 - 11:00 por Renan Arnoni*

Em 10 de agosto de 1952 “O Ferreirense” estampava em suas páginas a informação de que 10 máquinas, moto niveladoras e tratores, próximos a Porto Ferreira, haviam iniciado os trabalhos para abrir a estrada de rodagem asfaltada, ligando Ribeirão Preto à capital do Estado de São Paulo. Existia a esperança da rápida conclusão “tão sonhada e esperada estrada asfaltada”. Naquele ano, o progresso era vigente no município13.

As 34 olarias instaladas não venciam as encomendas da cidade e os pedidos de outros centros vizinhos, em decorrência dos 150 prédios em construção. Em 14 de dezembro de 1952, “O Ferreirense” fez a seguinte colocação:

“Acaba de ser feito o levantamento aerofotogramétrico do traçado de Porto Ferreira-Ribeirão Preto na rodovia estadual São Paulo Igarapava. […] A rodovia estadual asfaltada, que já está alcançando Araras, continua em seu ritmo acelerado e tudo faz crer que em breve teremos a nova estrada que passa no alto da “cidade nova” e “Jardim Primavera”, pronta e aberta para o trânsito14.”

Escola Artesanal

De acordo com o trabalho acadêmico do Professor Reginaldo Archanjo, o Srs. João Teixeira, Manoel da Silva Oliveira e José Calos de Macedo Soares conseguiram a criação do Decreto de Lei 17.087 para a criação do Curso Prático de Ensino Profissional em Porto Ferreira15. Em 14 de Setembro de 1946, o Curso Prático de Cerâmica já estava criado16. A Escola Artesanal começou a funcionar em 16 de Novembro de 195018. Em Abril de 1953 foi inaugurado o prédio novo da Escola Artesanal, onde atualmente funcionam o Centro de Especialidades Médicas “Dr. Américo Montenegro” e a Secretaria de Saúde. Havia os cursos de corte e costura, de serviços domésticos e de cerâmica e decoração. Em 1963 as Escolas artesanais foram transformadas em Escolas Industriais . Assim, muitos alunos saíam com as qualificações para exercer o ofício de ceramista.

Cerâmica Porto Ferreira

A maior empresa de Porto Ferreira durante muitas décadas foi a “Cerâmica Porto Ferreira”. Criada em 1921, como Fábrica de Louças produzia faianças, louças de mesa branca. Na década de 50, através de um financiamento de 6 milhões de cruzeiros, conseguido graças ao bom relacionamento de Syrio Ignátios, político e empresário local, com Horácio Lafer, político e empresário do ramo de papel. Com o capital emprestado, foram importados maquinários (bens de produção) dos Estados Unidos. Em 1953, a Cerâmica Porto Ferreira contava com 600 empregados, capital de 18.000.000,00, com o ativo total de 40.000.000,00 de cruzeiros, ocupava um área de 16000 metros quadrados e sua produção atingiu 10 milhões de peças19. Em 1957, um novo empréstimo completou o ciclo de expansão, aumentando em oito vezes a capacidade produtiva da empresa, que passou a liderar o mercado nacional de louça branca de mesa. No final da década de 80, a empresa parou de produzir faiança e passou a se dedicar somente ao ramo de revestimento cerâmico20.

Aos poucos, surgiram novas fábricas cerâmicas advindos de ex-funcionários da CPF, ao perceberam o potencial do negócio pela alta demanda do produto de cerâmica artística de decoração e, também, provenientes da escola artesanal. Vale salientar que a própria Cerâmica Porto Ferreira criou a “Cerâmica Artística Forjaz, que funcionou entre as décadas de 50 e 60”.

Referências:


  • 13Idem. 10/08/1952.

  • 14 Idem. 14/121952.

  • 15 ARCHANJO, R. M. Um breve histórico da Escola Industrial de Porto Ferreira: Avaliação, bússola do processo educacional. Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação. P.32.

  • 16 Idem, p33.

  • 17 Idem, p.35.

  • 18 Idem, várias páginas.

  • 19 FORJAZ, M. C. S. História Social de Uma Empresa Brasileira: A Cerâmica Porto Ferreira. 2001. São Paulo – Núcleo de Pesquisas e Publicações, 2001.p.29

  • 20 Idem, p.28

* Renan Arnoni: Bacharel e Licenciado em História- UNESP, Pós-Graduado em "Gestão Cultural - cultura, desenvolvimento e mercado”  e  Analista Comportamental. Coautor do livro “Aspectos Históricos de Porto Ferreira” – volume II (2013); autor do livro História Social e Econômica de Porto Ferreira (2020). Pesquisador Digital Influencer e Produtor Cultural.