Entenda por que se diz que a inflação afeta mais quem ganha menos no Brasil

Divulgado em 19/05/2022 - 12:00 por portoferreirahoje

A inflação brasileira voltou a níveis alarmantes e tem prejudicado o poder de compra dos consumidores. Produtos de todas as categorias estão subindo preço, porém, a renda da maior parte da população se mantém igual, ou até diminui.

Em meio a isso voltou ao debate a forma como a escalada nos valores afeta quem ganha menos. Mesmo que as famílias comprem itens iguais, é como se o custo fosse maior para algumas delas. Confira a seguir o porquê e o quê é possível esperar para os próximos meses!

 

Inflação e impostos maiores para quem pode menos

Uma das maiores discussões, e reivindicações de especialistas, é que haja uma revisão dos impostos. Além de afetar o consumo de maneira ampla, os tributos têm pesado ainda mais para quem ganha menos. Isso porque em cada produto há um percentual de imposto, sendo que cada item afeta as famílias de maneira diferente.

Um produto que custe R$ 10, por exemplo, pode ter 15% de impostos, ou seja, R$ 1,5. Para quem recebe um salário de R$ 5 mil, os R$ 10 equivalem a 0,2% desse total. Porém, para quem ganha o salário mínimo, que é de 1.193,37, o valor corresponde a cerca de 0,84%, ou seja, quatro vezes mais.

Quanto à inflação, a lógica segue a mesma. Quando uma categoria de produtos sofre reajuste, esse custo adicional tem um peso maior para quem recebe menos. Por esse motivo é que o aumento dos preços tende a aumentar as desigualdades e corroer tanto o orçamento de grande parte dos brasileiros.

Além do mais, por conta da pandemia, muitas famílias perderam rendimento. Segundo dados da Fundação FGV, 70% dos trabalhadores brasileiros estão ganhando menos do que em 2019, o que torna o quadro ainda mais desesperador.

 

Exemplos são vistos todos os dias

Mesmo os cidadãos comuns, que não entendem de teoria econômica, percebem na prática a redução do seu poder de compra. Basta uma ida ao mercado para ver o que antes custava um valor agora está mais caro. O grande problema é que isso tem ocorrido com produtos de todos os segmentos, incluindo os da cesta básica, como arroz e feijão.

O café, por exemplo, que sempre foi um cartão de visitas nas casas dos brasileiros, agora tem um gosto mais amargo. Quando estão nas ofertas Savegnago, um pacote de meio kilo sai por R$ 16,50. Porém, há consumidores relatando nas redes sociais que o preço do café pode ser maior do que R$ 18.

O arroz de cinco kilos está R$ 23,99 no Pão de Açúcar e no Extra. Já o leite, que é outro item básico da alimentação, sai por R$ 4,89 no Tenda Atacado.

 

O que esperar para os próximos meses

Na tentativa de conter a alta dos preços, o governo tem elevado a taxa Selic. No começo de 2021, a taxa básica de juros estava em 2,65%. Atualmente, a Selic está em 12,75%, mas a expectativa é que aumente ainda mais.

Quando a inflação aumenta, o governo pressiona pelo aumento da Selic para diminuir o acesso ao dinheiro. Dessa forma, a tendência é que o valor dos preços seja contido. Até o momento, os sucessivos aumentos da Selic não obtiveram o resultado esperado, por isso preocuparam a todos.

Por conta principalmente da guerra da Ucrânia, os preços continuarão subindo, sobretudo os alimentos. Isso porque, aquela região é responsável por uma grande parte da produção mundial e o porto local é um ponto estratégico de onde escoam as exportações. Além dos custos, o que preocupa é uma possível crise alimentar, caso a Rússia não atenda ao pedido do presidente ucraniano para colocar fim ao bloqueio do porto de Odessa.

Como se percebe, ainda não existe uma solução definitiva para diminuir os custos e a inflação no país, até porque, fatores externos também influenciam nos valores. O que se sabe é que, se tudo continuar igual, quem ganha menos continuará sendo mais prejudicado.

 

Fonte Imagem: http://Joelfotos em Pixabay