Porto Ferreira “história em instantes”: da Indústria Oleira a Cerâmica Artística – parte 2

Divulgado em 07/08/2022 - 09:00 por Renan Arnoni*

Em 1937, as cerâmicas representavam 10% das empresas do Estado com 1.157 empresas, tornando-se a 3ª maior empregadora com 12.225 operários, atrás do setor têxtil (89.358) e de madeira (15.401), em quarto lugar, vinha a indústria alimentícia empregando 10.767 funcionários7.

Segundo dados do Departamento Estadual de Estatística, no ano de 1945, dentre as indústrias relacionadas do município de Porto Ferreira, constavam sete empresas cerâmicas (tijolos e telhas), uma cerâmica de isoladores elétricos (do SyrioIgnátios) e uma cerâmica de pratos, xícaras e louças em geral (Cerâmica Porto Ferreira), de um total de trinta e duas empresas cadastradas8.

Segundo reportagem da Revista do Cinquentenário, em 1946, Porto Ferreira contava com:

Uma grande fábrica de louça, 1 fábrica de isoladores elétricos, 1 fábrica de mosaicos, 1 fábrica de brinquedos, 1 fábrica de móveis, 1 fábrica de cera para assoalhos e pasta para calçados, 1 usina de beneficiamento de algodão, 3 máquinas de beneficiar arroz, 13 olarias, 1 lapidação de pedras preciosas,1 colchoaria, 1 torrefação de café, 4 moinhos de fubá, 2 oficinas mecânicas, 1 posto de refrigeração de leite, 3 empresas de exploração de areia e pedregulho, 3 oficinas de ferreiro, 2 oficinas de carpinteiro, 2 institutos de beleza, 1 médico e 2 dentistas. […] Conta o comércio com 3 farmácias, 7 lojas de fazendas, 9 armazéns de secos e molhados, 2 açougues, 3 padarias, 5 sorveterias, 4 alfaiatarias, 1 tipografia, 3 leiterias, 12 bares e botequins, 6 barbearias, 1 selaria, 1 posto de gasolina, 2 sapatarias, 1 hotel e 1 pensão9.

Já os dados do Conselho Nacional de Estatísticas, do ano de 1952, apontam a existência de trinta e cinco empresas em Porto Ferreira, das quais vinte e cinco pertenciam ao setor da indústria de transformação de minerais não metálicos10, demonstrando a força do setor na economia local. Deste total, constam sete empresas localizadas na Chácara São José, próxima a estação de trem da Fepasa, das quais seis eram cerâmicas e uma pertencia ao setor de indústria extrativa – possivelmente dedicava-se à extração de argila das várzeas do rio Mogi Guaçu, matéria-prima da produção de tijolos11.

Década de 50: A Onda de Progresso

Em virtude do rápido processo de urbanização e crescimento das indústrias, inevitavelmente, ocorreria um aumento por parte do governo nos investimentos em infraestrutura, tanto no planejamento quanto na execução das obras.

A década de 1950 marcou profundamente a história de Porto Ferreira, como uma onda de progresso. A cidade sofreu um rápido desenvolvimento, concentrando-se muitos investimentos em infraestrutura, amparados pelas ações do Governo do Estado de São Paulo, em virtude do intermédio do ferreirense, Dr. ErlindoSalzano, Vice-Governador do Estado (1951-1954).

Certamente, a obra mais relevante do período, para o futuro do município, foi a construção da estrada asfaltada “São Paulo-Igarapava”, conhecida como “Via Anhanguera”. Esta rodovia diminuiu drasticamente o tempo de deslocamento dos produtos e das pessoas entre Ribeirão Preto e São Paulo – um dos principais eixos econômicos do Brasil, substituindo o transporte ferroviário.

Com o fim de dar dimensão às ações do Vice-Governador, sem aprofundar o assunto, no jornal “O Ferreirense”, de 14 de setembro de 1952, no artigo “Porto Ferreira e Dr. Erlindo”, está escrito:

“A nova caixa d’água, no alto da cidade, com seus enormes canos, o aeroporto, a cidade nova, as fábricas, as avenidas, os aterros, a estrada asfaltada, o Jardim Primavera, a piscina, a Escola Profissional, enfim, tudo o que de novo e belo existe em nossa terra, é lembrar do Dr. Erlindo”12.

Fontes: Museu Histórico de Porto Ferreira e


  • COELHO, Miguel Bragioni Lima & ARNONI, Renan F. F. Aspectos Históricos de Porto Ferreira.Vol.II. Porto Ferreira: Editora Gráfica São Paulo. 2013, p.22-23.

  • 8 Departamento Estadual de Estatística. Catálogo das Indústrias do Estado de São Paulo. São Paulo, Tipografia Brasil, 1947.

  • 9 REVISTA DO CINQUENTENÁRIO, Porto Ferreira, 1946 p.16

  • 10 Conselho Nacional de Estatística. Cadastro Industrial. São Paulo, 1954. Ver detalhadamente sobre a composição das indústrias de transformação de minerais não metálicos p. VI.

  • 11 ARNONI, F. F. História Social e Econômica de Porto Ferreira. Gráfica São Paulo, 2020.

  • 12 Jornal “O Ferreirense”. Porto Ferreira e o Dr. Erlindo, 14/07/1952, p.1

* Renan Arnoni: Bacharel e Licenciado em História- UNESP, Pós-Graduado em "Gestão Cultural - cultura, desenvolvimento e mercado”  e  Analista Comportamental. Coautor do livro “Aspectos Históricos de Porto Ferreira” – volume II (2013); autor do livro História Social e Econômica de Porto Ferreira (2020). Pesquisador Digital Influencer e Produtor Cultural.