Tarcísio de Freitas pavimenta caminho para alinhamento ideológico e influência política no TCE-SP

Divulgado em 27/04/2025 - 11:00 por portoferreirahoje*

A tradicional independência do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), órgão crucial na fiscalização das contas públicas, encontra-se sob escrutínio. A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está promovendo uma reformulação sem precedentes no colegiado, abrindo espaço para indicações que refletem seu crescente poder e alinhamento político.

A coincidência de quatro aposentadorias durante seu mandato permitiu a Tarcísio redesenhar a composição do plenário, substituindo figuras ligadas a partidos tradicionais como PSDB e MDB por aliados do PSD e PL. Sob o discurso de critérios "estritamente técnicos", o governador exerce influência direta nas nomeações, consolidando sua base de apoio dentro do órgão fiscalizador.

A primeira nomeação, a de Marco Bertaiolli (PSD-SP), já demonstrava a força da articulação de Tarcísio, que superou a indicação apoiada pelo ministro André Mendonça. A segunda vaga foi ocupada por Maxwell Borges de Moura Vieira, ex-diretor do Detran, em substituição a Robson Marinho (PSDB), afastado por suspeita de corrupção.

As próximas aposentadorias de Antonio Roque Citadini (MDB) e Sidney Beraldo (PSDB) intensificam a disputa política. A vaga de Citadini, de indicação do governador, deve ser ocupada por Wagner Rosário, atual Controlador Geral do Estado e ex-ministro de Jair Bolsonaro, consolidando a influência do ex-presidente no TCE-SP. Já a vaga de Beraldo, de responsabilidade da Alesp, é disputada por Carlos Cezar (PL), líder do partido na Casa, e Gilmaci Santos, líder do governo.

A influência de Tarcísio não se restringe ao TCE-SP. Segundo aliados, o governador também se envolve pessoalmente nas nomeações para o sistema de Justiça, priorizando critérios técnicos e ideológicos. As nomeações de cinco desembargadoras para o Tribunal de Justiça, apesar de elogiadas pela representatividade, levantam questionamentos sobre o peso do alinhamento político nas decisões.

A reformulação do TCE-SP, sob a égide da técnica, revela um movimento estratégico de Tarcísio para consolidar sua influência política e garantir a fiscalização das contas públicas sob sua ótica. A independência do órgão, outrora um pilar da democracia paulista, encontra-se agora sob a sombra da crescente influência do Palácio dos Bandeirantes.

*Fontes: noticias.uol.com.br ; www.gazetadopovo.com.br ; www.estadao.com.br