Morre Izidoro Cunha, o Dorinho do Trio de Ouro Nenete, Dorinho & Nardeli

Faleceu sábado último (8), às 6 horas, na UTI do Instituto Cardiológico de Campinas, de insuficiência cardíaca congestiva, aos 77 anos, o cantor e compositor Izidoro Cunha, o Dorinho, do “Trio de Ouro do Rádio Brasileiro”: Nenete, Dorinho & Nardeli.

O sepultamento ocorreu domingo (9), às 8h30, no Cemitério da Saudade, em Campinas.

Na última sexta-feira, a esposa e cantora Iara fez um apelo através da Internet, pedindo orações: “Peço a Deus para fazer o melhor a Dorinho, embora não seja o melhor para mim”, disse a companheira de 42 anos bem vividos.

A última apresentação de Dorinho se deu em Pirassununga, no dia 10 de julho deste ano, no palco da Semana Nenete de Música Sertaneja, quando, na condição de “Destaque do Ano”, recebeu das mãos do vice-prefeito Edgar Sagioratto, a “Medalha Huquiles de Carli de Incentivo às Tradições Caipiras”, como reconhecimento da população pirassununguense a tão brilhante carreira ao lado de Nenete e Nardeli.

“Naquela tarde, sem condições físicas, com o braço fraturado, debilitado, Dorinho fez questão de retribuir a homenagem que Pirassununga lhe fazia, oferecendo um grandioso e emocionante show. Ao retornarmos a Campinas, Dorinho era só felicidade”, contou Iara.

Dorinho atendeu a um pedido do vice-prefeito Edgar Sagioratto.
“Pedi a eles que cantassem aquela que, na minha opinião, é o segundo hino de Pirassununga: a música ‘Cachoeira de Emas’. “Quem poderia imaginar que aquela seria a última aparição de Dorinho em público?”, concluiu Sagioratto.

Dorinho começou cedo na música

Nascido na cidade de Bernardino de Campos, interior paulista, aos 8 anos de idade já fazia sucesso cantando nas festinhas da escola e aniversários. Em 1953 deixou a terra natal para tratar da saúde em São Paulo, quando conheceu o cantor Dóro que o convidou para formar a dupla Dóro & Dorinho.

Em 1954, Dóro & Dorinho participaram do Concurso de Violeiros do IV Centenário de São Paulo, realizado no Ibirapuera, onde Nenete fazia parte do júri. A dupla não ganhou o festival. Entretanto, a voz de Dorinho chamou a atenção de Nenete, que logo lhe enviou um bilhete, marcando um encontro. Nascia ali a dupla Nenete & Dorinho, que naquele mesmo ano gravaria o primeiro disco com a música “Milagre das Rosas”. Mas o sucesso de Nenete & Dorinho, segundo Iara, viria com o quinto disco, com a música “Vinte Anos”.

Contratados pela Rádio Tupi, Nenete & Dorinho conheceram o sanfoneiro Nardeli. A dupla acabou virando um trio: o “Trio de Ouro do Rádio Brasileiro”: Nenete, Dorinho e Nardeli.

Os três gravaram 20 discos 78 rotações e 25 LPs. Nenete, Dorinho e Nardeli viajaram cantando e encantando platéias. Num dado momento, Nenete adoentou-se, ficando impedido de viajar. A partir daí, Dorinho passou a cantar o sogro Maracá e Nardelli na sanfona.

Dorinho, Maracá & Nardeli gravaram três LPs. Logo depois, Nardeli deixou o trio e em seu lugar entrou o sanfoneiro Ponteli. Maracá, também por motivo de doença, teve de deixar a carreira artística. Dorinho seguiu em frente formando outras parceiras.

A cantora Iara, uma das preferidas de Inezita Barroso, fez, enfim, um convite a Dorinho e a Ponteli para formarem o “Trio de Ouro”: Dorinho, Iara & Ponteli. Com essa formação gravaram quatro CDs - um deles em dose dupla - e o único DVD da carreira.

Sepultamento em Campinas

Poucos amigos e fãs tomaram conhecimento do falecimento de Dorinho, ocorrido na manhã de sábado último (8). O corpo foi velado no Velório da Saudade e o sepultamento ocorreu às 8h30 do domingo (9), no Cemitério da Saudade de Campinas.

“Peço desculpas a todos. Não tivemos tempo de avisar tantos amigos. Fiquei sem o ‘chão’, literalmente”, declarou por telefone a esposa-cantora Iara, no inicio da noite de ontem (domingo). “Quero agradece a todas as manifestações de pesar que chegaram até nós. Foram 42 anos de uma convivência maravilhosa. Dorinho cantava com alegria e prazer, porque na vida era o que ele mais gostava de fazer. Essa é a melhor imagem dele, que ficará eternizada em nossos corações. Descanse em Paz, querido Dorinho”, disse Iara.

Fonte: Roberto Bragagnollo - Secretário de Cultura de Pirassununga