Alerta vermelho para a infância brasileira. No próximo 12 de junho, Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região revela uma triste realidade: as denúncias de trabalho infantil cresceram 30% em 2025 (220 registros entre janeiro e maio), em relação ao mesmo período de 2024.
A 15ª Região do MPT abrange 599 municípios do interior e litoral norte de São Paulo. Só em Campinas, por exemplo, o número de denúncias saltou de 40 para 68 no mesmo período, um aumento expressivo.
Para o vice-procurador-chefe do MPT em Campinas, Ronaldo Lira, o dado é duplamente revelador: “Mostra tanto o agravamento da violação quanto o aumento da consciência coletiva. Denunciar é romper o silêncio.”
Lira aponta que o Brasil carrega uma cultura permissiva, que normaliza o trabalho precoce como “formação de caráter”. Ele rebate: “Não é formação, é mutilação. Criança precisa de escola, brincadeira e proteção.”
O outro lado da moeda: o fracasso da aprendizagem legal
Além das denúncias por trabalho infantil, o MPT também registrou 110 queixas contra empresas que descumpriram a cota legal de contratação de aprendizes — um aumento de 25% em relação ao ano passado.
A aprendizagem profissional é uma alternativa legal e segura, que garante formação, renda e escola para jovens de 14 a 24 anos. Empresas devem contratar aprendizes em percentuais de 5% a 15%, mas muitas ignoram essa regra.
“A aprendizagem protege, inclui e transforma. É o oposto da exploração”, reforça Lira.
Campanha 2025: “Toda criança que trabalha perde a infância e o futuro”
Neste ano, a campanha contra o trabalho infantil aposta em emoção e tecnologia. Com vídeos criados por inteligência artificial, quatro personagens fictícios contam como o trabalho precoce afetou suas vidas – no campo, no trabalho doméstico, nas ruas e até nas redes sociais. Os vídeos serão publicados no Instagram e Facebook do @mptcampinas e convidam a sociedade a refletir e agir.
Números que gritam: o cenário nacional
Segundo o IBGE, em 2023 o Brasil tinha 1,6 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil. Desses, 586 mil estavam nas piores formas de exploração.
Como ajudar?
- Denuncie anonimamente ao MPT, pelo site www.mpt.mp.br
- Incentive a aprendizagem legal
- Compartilhe essa causa: a infância não pode esperar.
*Fonte:www.prt15.mpt.mp.br – Rafael Almeida – prt15.ascom@mpt.mp.br