A indústria global de armamentos e serviços militares bateu novo recorde de faturamento em 2023, alcançando US$ 632 bilhões — o equivalente a R$ 3,4 trilhões, segundo cotação do dia 23 de junho. O número representa um aumento de 4,2% em relação a 2022, de acordo com o relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI). O ano de 2024, deve ter fechado com um grande crescimento, ainda não foram divulgado os dados abertos de todas as companhias.
O crescimento foi impulsionado, sobretudo, por conflitos ativos e tensões geopolíticas, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e os bombardeios em Gaza envolvendo Israel e o Hamas. Empresas da Rússia e do Oriente Médio, beneficiadas diretamente pela escalada militar, registraram algumas das maiores altas percentuais de receita.
Os Estados Unidos mantêm com folga a liderança global no setor: 41 das 100 maiores empresas de defesa estão sediadas no país, responsáveis por mais da metade do total faturado — US$ 316,7 bilhões em 2023. Além disso, os EUA ocupam as cinco primeiras posições do ranking, com destaque para a Lockheed Martin, líder isolada com US$ 60,8 bilhões em vendas de armamentos, seguida por RTX (US$ 40,6 bilhões), Northrop Grumman (US$ 35,5 bilhões), Boeing (US$ 31,1 bilhões) e General Dynamics (US$ 30,2 bilhões).
A britânica BAE Systems (6ª colocada) e a estatal russa Rostec (7ª) aparecem como principais concorrentes fora dos EUA. A Rostec, em especial, viu suas receitas saltarem 49,3% em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia.
A China mantém forte presença com sete empresas no top 20, como a AVIC, NORINCO e CETC, todas com receitas bilionárias, embora com menor percentual de armamentos sobre o total de seus negócios.
O levantamento também mostra crescimento significativo de empresas israelenses e sul-coreanas. A israelense Elbit Systems, por exemplo, teve aumento de 14,2% em sua receita de armas, enquanto a sul-coreana Hanwha Group cresceu impressionantes 52,7%.
O relatório destaca que a maior parte do faturamento vem da venda de armas, munições, sistemas de defesa e serviços técnicos de apoio militar, em um cenário global de crescente militarização. As 100 empresas listadas representam uma elite industrial cuja atividade está diretamente ligada à manutenção de zonas de conflito e ao investimento contínuo em tecnologias bélicas.
O SIPRI alerta ainda para os efeitos geopolíticos e humanitários desse crescimento. “Enquanto os lucros aumentam, o mundo paga o preço com a escalada de guerras e tensões”, conclui o relatório.
*Fonte: www.sipri.org – valor.globo.com