Zema, Tarcísio e Caiado acusam governo federal e STF por sobretaxa dos EUA, enquanto aliados como Ratinho Jr. e Cláudio Castro permanecem em silêncio
Após horas de silêncio, governadores de direita aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro romperam o mutismo nesta quarta-feira (10) para responsabilizar o governo federal pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Nenhuma crítica, no entanto, foi direcionada ao ex-presidente Bolsonaro — réu no inquérito do STF citado por Donald Trump como justificativa para a sobretaxa.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou nas redes sociais que “empresas e trabalhadores brasileiros vão pagar a conta do Lula, da Janja e do STF”, atribuindo à atual gestão federal e ao Judiciário a responsabilidade pelas sanções.
Na mesma linha, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro, também culpou o Planalto. “Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil”, escreveu, em referência ao governo norte-americano de Donald Trump. “Outros países buscaram a negociação”, completou, sem mencionar que a medida foi motivada por questões políticas relacionadas ao ataque de 8 de janeiro de 2023.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), seguiu o mesmo tom, com críticas voltadas ao Executivo federal, mas sem tocar no envolvimento de Bolsonaro nos episódios que levaram à decisão dos EUA.

Já os governadores Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro — ambos alinhados ao bolsonarismo — optaram pelo silêncio, mesmo após a confirmação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
A reação coordenada de figuras próximas a Bolsonaro busca blindar o ex-presidente, mesmo após ele próprio admitir, em publicação recente, que a sobretaxa tem origem política, ligada diretamente ao inquérito que investiga a tentativa de golpe no Brasil. Ainda assim, aliados continuam a empurrar a responsabilidade ao governo Lula, reforçando a narrativa de perseguição e tentando transformar o episódio em capital político.
Fonte: Estadão