Complexo da Sagrada Família, que abrigava centenas de deslocados, foi bombardeado; Vaticano e comunidade internacional condenam ação, enquanto Israel pede desculpas e investiga o caso
Um míssil israelense atingiu ontem, quinta-feira (17/07), o complexo da Igreja da Sagrada Família, a única Igreja Católica existente na Faixa de Gaza, matando três pessoas e ferindo várias outras, segundo testemunhas e autoridades eclesiásticas.
Entre os feridos está o padre Gabriele Romanelli, responsável pela pequena comunidade cristã local e amigo íntimo do falecido papa Francisco, que mantinha contato diário com os refugiados no local.

O ataque danificou o complexo, onde cerca de 600 palestinos – cristãos e muçulmanos, incluindo crianças e pessoas com deficiência – buscavam abrigo da guerra entre Israel e o Hamas. O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, afirmou que o local foi “atingido diretamente” e que duas vítimas estão em estado grave, com risco de morte.
Vítimas e reações internacionais – entre os mortos estão um funcionário de 60 anos do padre Romanelli e uma idosa de 84 anos que recebia apoio psicossocial no local. O Hospital Al-Ahli, próximo à igreja, recebeu os corpos e feridos. O Patriarcado Latino de Jerusalém condenou o ataque, classificando-o como “mais uma tragédia em meio à destruição de Gaza”, e exigiu o fim da guerra.
O papa Leão 14, sucessor de Francisco, pediu um cessar-fogo imediato e expressou “profunda tristeza” pelas vidas perdidas. Já a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, criticou Israel: “Nenhuma ação militar justifica ataques à população civil”.
Israel investiga e pede desculpas – as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram estar investigando o incidente e emitiram um raro pedido de desculpas: “Expressamos profundo pesar pelos danos à igreja e por qualquer vítima civil”. O governo israelense alega que o Hamas se aproveita de áreas civis para operações, mas o Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém denunciou a violação da inviolabilidade de locais religiosos.
O legado de Francisco e a resistência em Gaza – a igreja bombardeada era um símbolo de resistência e esperança. Até sua morte, o papa Francisco ligava diariamente para o padre Romanelli e os refugiados, mesmo sob bombardeios. Vídeos mostram o pontífice, já fragilizado, recebendo cantorias de crianças palestinas em chamadas emocionantes.
Fonte: Deutsche Welle (DW)