Casos de violência em pontos de distribuição de alimentos se tornam rotina; ONU já registrou 875 mortes em seis semanas
Ao menos 32 palestinos que se dirigiam a um posto de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza foram mortos por soldados israelenses ontem, sábado (19/07), segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, e o Hospital Nasser, em Khan Younis.
O incidente é mais um em uma série de ataques fatais perto de locais de entrega de alimentos, que se tornaram frequentes desde que a Fundação Humanitária de Gaza (FHG) — sistema apoiado por Israel e EUA — começou a operar, em maio.
Na semana passada o escritório de direitos humanos da ONU em Genebra informou ter registrado pelo menos 875 assassinatos nas últimas seis semanas nos arredores de pontos de ajuda em Gaza, a maioria próximos a locais de distribuição da FHG.
A FHG, que usa empresas privadas dos EUA para logística, começou a operar sob críticas por falta de transparência. Seu ex-diretor, Jake Wood, renunciou antes do início das atividades, alegando que a organização não cumpriria princípios humanitários como neutralidade e imparcialidade.
A ONU e outras entidades já haviam alertado para o caos na distribuição, recusando-se a colaborar com a FHG. Israel impôs restrições que dificultam a verificação independente das informações.
Enquanto isso, a fome se agrava: 100% da população de Gaza enfrenta insegurança alimentar, e 470 mil pessoas estão em nível “catastrófico”, segundo a ONU. Médicos relatam casos de desnutrição extrema e esgotamento. “Centenas de pessoas, cujos corpos estão completamente emagrecidos, estão em perigo iminente de morte”, alertou Sohaib Al-Hums, diretor de um hospital em Khan Younis.
Enquanto resoluções da ONU exigem ajuda neutra e sem discriminação, a realidade no terreno mostra um cenário de violência, fome e desespero.
Fonte: Folha de S Paulo