Clube e entidade veem medida como “confiscatória” e acusam governo argentino de tentar sufocar instituições esportivas para facilitar entrada de capital especulativo através das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs)
A decisão do presidente da Argentina, Javier Milei, de aumentar os impostos pagos pelos clubes de futebol provocou uma forte reação da Associação do Futebol Argentino (AFA) e do clube River Plate. O decreto, assinado na última segunda-feira (28), extingue um regime tributário especial que beneficiava os clubes e eleva significativamente as contribuições sociais que devem ser recolhidas.
Segundo o ministro de Desregulação, Federico Sturzenegger, a mudança corrige uma distorção, já que os clubes pagavam alíquotas inferiores às do regime geral — 7,5% até então. Com o novo decreto, a alíquota passa a ser de 13%, além de um adicional temporário de 5,56% durante um ano, com o objetivo de “recuperar o déficit incorrido nesse período”.
Em resposta, o River Plate classificou a medida como “confiscatória” e afirmou, por meio de comunicado oficial, que ela ameaça “reverter o impacto econômico direto e positivo das ações do clube”. O texto ainda destacou a atuação social e educativa do River, além da geração de receitas em moeda estrangeira para o país.
Já a AFA foi ainda mais contundente. Em nota intitulada “A mentira, a ordem do dia. A única verdade é a realidade”, a entidade criticou o que considera uma tentativa deliberada do governo de prejudicar os clubes sem fins lucrativos. Para a AFA, o objetivo do decreto seria abrir caminho para a transformação das instituições em Sociedades Anônimas Desportivas (SADs), permitindo a entrada de capital especulativo. “O único interesse do governo é pressionar os clubes para que seja possível incorporar as SADs, o que nada mais é do que permitir a entrada de dinheiro especulativo para fazer negócios com nossos clubes e jogadores formados em nossas categorias de base”, declarou.
A medida amplia o embate entre o governo Milei e as entidades do futebol argentino, num momento em que o setor busca estabilidade e protagonismo internacional.
Fonte: Jovem Pan