Em carta enviada da prisão, deputada bolsonarista solicita campanha nas redes sociais de Carlo Nordio e aguarda decisão favorável antes de audiência no dia 13; publicações com apelo por liberdade foram apagadas após divulgação
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), atualmente presa na Itália, pediu a aliados influenciadores do bolsonarismo que promovam uma campanha nas redes sociais do ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, a fim de pressioná-lo por uma decisão que impeça sua extradição ao Brasil. O apelo foi feito por meio de carta enviada a familiares no último dia 2 de agosto, conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo.
“Tenta fazer uma campanha para as pessoas comentarem no perfil dele e pedirem por mim, fala com Allan dos Santos e Paulo Figueiredo para ajudarem o público dele”, escreveu Zambelli, dirigindo-se ao ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo e ao influenciador Allan dos Santos.
O nome de Carlo Nordio é central no processo de extradição: caberá a ele dar a palavra final sobre o envio da parlamentar de volta ao Brasil. O ministro deverá avaliar a legalidade do pedido feito pelo governo brasileiro, com base no tratado de cooperação firmado entre os dois países. Zambelli disse esperar uma decisão favorável antes de sua próxima audiência de custódia, marcada para o dia 13 de agosto.
A estratégia de mobilização nas redes não foi comentada por seu advogado no Brasil, Fabio Pagnozzi, que se limitou a afirmar estar confiante em uma eventual negativa ao pedido de extradição ou na concessão de medidas cautelares.
Nesta quarta-feira (6), uma carta manuscrita da parlamentar foi publicada nos perfis do filho, da mãe e do advogado, mas as postagens foram deletadas cerca de uma hora depois. No texto, Zambelli declarou estar “forte e corajosa” e afirmou que “nenhum ditador nos colocará de joelhos”.
“Aos brasileiros de todo o mundo, a vida é um grande milagre, mas o maior presente para as nossas vidas é a liberdade para vivermos para nossa família, seja a de sangue ou aquela que elegemos”, dizia a mensagem.
Zambelli foi presa no fim de julho em Roma, após quase dois meses foragida da Justiça brasileira. Ela se escondia em um apartamento no bairro Aurélio e foi levada ao presídio feminino de Rebibbia, que abriga 369 mulheres.
A ordem de prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho, quando Zambelli já se encontrava foragida. O pedido de extradição foi formalizado logo em seguida pelo Ministério da Justiça.
Em 14 de maio, a Primeira Turma do STF condenou a deputada a dez anos de prisão e à perda de seu mandato parlamentar, por unanimidade, pelos crimes de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica.
A tramitação do processo de extradição na Itália pode se estender por até dois anos, segundo especialistas. Até lá, Zambelli segue detida em regime fechado.
Fonte: BBC News Brasil
