O esquema operava por meio da Smart Tax, uma empresa de consultoria tributária registrada em nome da mãe do auditor fiscal; pagamentos de propina que ultrapassam R$ 1 bilhão
A “Operação Ícaro“, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo, expôs um sofisticado esquema de corrupção na Secretaria da Fazenda do Estado, envolvendo ressarcimentos fraudulentos de ICMS-ST e pagamentos de propina que ultrapassam R$ 1 bilhão.
O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como líder do esquema, foi preso em sua casa, em Ribeirão Pires, no ABC Paulista. Durante as buscas, foram apreendidos R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo e pedras preciosas, cujo os valores podem chegar a dezenas de milhões de reais.
A investigação aponta que Artur Gomes teria recebido vantagens indevidas de varejistas para agilizar pedidos bilionários de restituição de créditos tributários.
Empresa de fachada
O esquema operava por meio da Smart Tax, uma empresa de consultoria tributária registrada em nome da mãe de Artur, Kimio Mizukami da Silva, de 73 anos. Apesar de declarar rendimentos modestos em 2021 (R$ 411 mil), a empresa acumulou um patrimônio de R$ 2 bilhões em 2024, sem funcionários ou estrutura física real.
E-mails trocados pelo auditor revelaram negociações suspeitas, como um acordo de confidencialidade com o Grupo Nós e a troca de documentos com contadoras envolvidas na elaboração de pedidos fraudulentos. Em uma mensagem, a contadora Maria Hermínia de Jesus Santa Clara pede ajuda a Artur para resolver um erro em um arquivo da Kalunga, indicando o tráfego irregular de processos.
Rede de envolvidos
Além de Artur, a operação investiga o auditor aposentado Alberto Toshio Murakami, que continuou a auxiliar o esquema mesmo após deixar o cargo. Duas contadoras, Fátima Regina Rizzardi e Maria Hermínia, são acusadas de atuar como “assistentes” na elaboração dos documentos fraudulentos.
Em buscas realizadas na casa do empresário Celso Éder Gonzaga de Araújo, suspeito de lavagem de dinheiro, foram encontrados R$ 1,2 milhão em espécie, moedas digitais, relógios de luxo e esmeraldas. Já com o auditor Marcelo de Almeida Gouveia, foram apreendidos R$ 330 mil e US$ 10 mil, além de R$ 2 milhões em criptomoedas.
Próximos passos
O promotor Roberto Bodini afirmou que o foco agora é identificar outros auditores e empresas envolvidas. A Operação Ícaro ainda analisa documentos apreendidos e deve expandir as investigações, que podem revelar um esquema ainda maior de corrupção e sonegação fiscal. Enquanto isso, os presos aguardam julgamento, e a Justiça avalia novos pedidos de quebra de sigilo.
Fonte: Band Jornalismo