Após meses de retórica acalorada, com duras acusações e tarifas punitivas, a relação comercial entre Estados Unidos e China vive um momento de trégua.
Após meses de retórica acalorada, com duras acusações e tarifas punitivas, a relação comercial entre Estados Unidos e China vive um momento de trégua.
O presidente americano, Donald Trump, que anteriormente rotulou a China como “a maior ameaça” e impôs tarifas de 145%, agora estendeu a suspensão de penalidades, elogiou o presidente Xi Jinping e propôs uma cúpula bilateral.
Essa mudança de postura, que rebaixou a tarifa sobre produtos chineses para 30%, tem motivos estratégicos. A principal delas é o interesse de Trump em evitar um aumento de preços justo quando varejistas americanos se preparam para a temporada de compras de fim de ano.
Além disso, a trégua tarifária dá tempo para negociações sobre um acordo comercial mais amplo, que poderia incluir tecnologia, energia e minerais de terras raras.
A China, por sua vez, demonstrou desde o início estar mais disposta a travar uma guerra comercial, especialmente por causa do domínio chinês no setor de terras raras. A China controla cerca de 60% da produção global e quase 90% do refino desses minerais, essenciais para a produção de itens que vão de veículos elétricos a sistemas de mísseis.
Após as tarifas de Trump, a China impôs controles de exportação sobre minerais e ímãs de terras raras, afetando diretamente indústrias americanas, como as montadoras.
O futuro das negociações – com a trégua tarifária prorrogada até novembro, as negociações entre EUA e China se concentram em evitar o retorno de tarifas de três dígitos, que seriam economicamente prejudiciais para ambos.
Apesar da aparente vantagem da China, o imprevisível estilo de Trump pode levar a reviravoltas. Uma delas já está em vigor: Trump impôs uma tarifa de transbordo de 40% a países do sudeste asiático, como Vietnã e Malásia, suspeitos de ajudar a China a redirecionar produtos para os EUA e, assim, evitar as taxas.
Índia e Brasil no alvo – enquanto a China desfruta de um tempo extra, a Índia, que já foi parceira, agora enfrenta uma tarifa punitiva de até 50%.
A lista de alvos de Trump também inclui o Brasil, que agora vê diversos de seus produtos, como café, carne bovina e açúcar, sujeitos a tarifas de 50%. A medida foi anunciada como forma de pressionar o Brasil a anular o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump.
O Brasil, que no início da guerra tarifária havia sido poupado, agora enfrenta uma das maiores taxas aplicadas pelo governo americano, mas o decreto que regulamentou a medida deixou muitos produtos importantes de fora da alíquota de 50%, incluindo aeronaves civis, veículos e petróleo.
Fonte: Deutsche Welle – DW