Levantamento mostra Bradesco à frente em número de processos; Itaú e Santander também aparecem, enquanto Caixa e Banco do Brasil não foram citados
Uma investigação da jornalista Amanda Rossi, publicada pelo UOL, revelou que bancos privados realizaram débitos automáticos em aposentadorias sem autorização dos clientes, descumprindo normas do Banco Central (BC). Diferentemente do caso recente de fraudes no INSS, em que associações e sindicatos foram beneficiados, desta vez os valores foram destinados a clubes de benefícios e empresas financeiras.
O levantamento apontou o Bradesco como a instituição com o maior número de casos identificados em processos judiciais. Também foram encontrados registros envolvendo Itaú e Santander, mas não foram constatadas ações contra a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Desde 2021, o BC permite o débito automático sem autorização do cliente apenas quando a cobrança parte de outra instituição financeira autorizada pelo órgão. No entanto, segundo a apuração, o Bradesco extrapolou a regra, aplicando descontos mesmo sem respaldo legal.
As descobertas levantam questionamentos sobre a conduta das instituições financeiras: por que não houve checagem sobre a quantidade de débitos automáticos realizados? Por que os clientes não foram notificados para confirmar a legitimidade das cobranças? Por que não foi criado um plano para impedir novas fraudes? E, sobretudo, por que os valores não são devolvidos automaticamente, como ocorreu no caso do INSS, sem que seja necessário recorrer à Justiça?
A reportagem destaca ainda a diferença de reação pública: enquanto houve forte mobilização contra o governo federal no episódio envolvendo o INSS, as práticas irregulares dos bancos privados enfrentam resistência menor de críticas. Para especialistas, a situação evidencia que fraudes e abusos não se restringem ao setor público, podendo também ocorrer no sistema financeiro privado, com impactos diretos sobre a população mais vulnerável.
Fonte: Leonardo Sakamoto UOL