A Venezuela acusada pelo Trump e de estar no centro de tensões geopolíticas recentes com os EUA, não figura entre os principais países fornecedores.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), aponta que o consumo de entorpecentes nos Estados Unidos cresceu ligeiramente nos últimos anos, impulsionado sobretudo pela disseminação do fentanil, opioide sintético que se tornou o maior desafio de saúde pública ligado às drogas no país.
Segundo a agência da ONU, apenas em 2023, mais de 70 mil pessoas morreram por overdose de fentanil em território norte-americano. A substância, considerada até 50 vezes mais potente que a heroína, tem afetado grandes centros urbanos, como Los Angeles, Nova York e Filadélfia, onde serviços de saúde relatam uma escalada de atendimentos relacionados a intoxicações.
Embora os precursores químicos do fentanil sejam majoritariamente produzidos na China, a ONU destaca que a manufatura da droga se concentra em milhares de laboratórios clandestinos no México. De lá, o entorpecente atravessa a fronteira rumo aos Estados Unidos, alimentando uma crise sem precedentes.
Além dos opioides, o relatório aponta que cerca de 2% da população norte-americana consome cocaína, droga que continua a chegar sobretudo da Colômbia, Bolívia e Peru. A Venezuela, apesar de estar no centro de tensões geopolíticas recentes com os EUA, não figura entre os principais países fornecedores.
O levantamento da ONU mostra que as cinco drogas mais consumidas nos Estados Unidos são:
- Cannabis – cujo uso e porte variam entre legalização parcial e criminalização, dependendo do estado.
- Opioides, com destaque para o fentanil.
- Anfetaminas.
- Cocaína.
- Ecstasy (MDMA).
O cenário tem levado o governo do presidente Donald Trump, em seu segundo mandato iniciado em janeiro de 2025, a intensificar o discurso contra o tráfico internacional. O republicano tem reiterado que cartéis da América Latina representam “a maior ameaça à juventude americana”, e sinalizado medidas mais duras na fronteira sul, além de maior pressão diplomática sobre países produtores.
O UNODC, por sua vez, alerta que o enfrentamento ao problema não pode se restringir ao combate militarizado ao narcotráfico. O relatório ressalta a necessidade de políticas públicas de redução de danos, ampliação do acesso a tratamentos de saúde e prevenção, como estratégias mais eficazes para conter a crise do fentanil e o crescimento do consumo de drogas no país.
Fonte: O Globo e Reuters