Pesquisadores contestam versão americana e apontam rede difusa de militares e aliados que sustentam o presidente no poder
O governo dos Estados Unidos insiste em acusar Nicolás Maduro de chefiar uma das maiores organizações criminosas da América Latina: o chamado Cartel de los Soles.
Para Washington, trata-se de um cartel responsável por escoar toneladas de cocaína da América do Sul para os EUA, usado também como ferramenta de desestabilização interna. As acusações embasam a pressão diplomática e militar da Casa Branca, que já deslocou uma frota de guerra e cerca de 4 mil militares para a costa venezuelana.
Mas a narrativa americana não encontra consenso entre especialistas. Para pesquisadores como Jeremy McDermott, cofundador da organização InSight Crime, a ideia de Maduro como um “novo Pablo Escobar” é uma versão simplificada e politizada da realidade. Segundo ele, o Cartel de los Soles não é um cartel tradicional com liderança centralizada, mas sim uma “rede de redes” formada por militares e aliados políticos que se beneficiam do tráfico de drogas.
De acordo com McDermott, Maduro não controla diretamente a logística do narcotráfico, mas se vale de um sistema de concessões: permite que setores das Forças Armadas e chavistas lucrem com o tráfico em troca de lealdade política, compondo o que ele chama de “governança criminal híbrida”. Essa estrutura, segundo o pesquisador, explica como o presidente consegue se manter no poder apesar das sanções internacionais e da crise econômica que atinge o país.
Fonte: G1