Manobra no Congresso para destituir diretores do BC expõe a barganha escancarada: blindagem ao ex-presidente em troca de captura política da instituição que resiste a negócios suspeitos como o caso Master-BRB.
O veto do Banco Central à compra do problemático Banco Master pelo BRB expôs o pior de Brasília. O BC agiu de forma técnica, barrando um negócio arriscado e suspeito. Mas o Centrão e os bolsonaristas reagiram com chantagem: querem aprovar uma lei para poder demitir diretores do BC.
Não se trata de “interesse nacional”, mas de vingança e barganha. Em troca de blindagem a Jair Bolsonaro, o Congresso tenta capturar a instituição que deveria ser independente, transformando-a em moeda política.
É a consagração do fisiologismo: anistia ao ex-presidente em troca do controle de quem ousa contrariar os poderosos. Se essa ofensiva avançar, o Brasil troca a autonomia técnica por um Banco Central refém da politicagem — um passo firme rumo à “republiqueta”.
Por Marco Antônio Mourão
