Professor Leonardo Trevisan, da ESPM, afirma que reservas naturais e posição estratégica colocam o país no centro das cobiças geopolíticas, em meio ao avanço chinês e à pressão americana
O Brasil, com sua abundância em recursos naturais e papel crucial na segurança alimentar mundial, está se consolidando como território estratégico na disputa entre as duas maiores potências globais: Estados Unidos e China. A avaliação é do historiador Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, que alerta para um cenário geopolítico mais intenso do que o imaginado.
Segundo Trevisan, o país é alvo de cobiça não apenas por sua influência política, como defendem os EUA, mas também pela relevância de suas riquezas naturais. “Nós seremos cobiçados porque temos 13% da reserva aquífera do mundo”, afirmou durante o programa WW Especial, da CNN. Ele destacou ainda o papel do Brasil como “grande fazenda” global, capaz de fornecer soja, proteína e água — insumos estratégicos em escala internacional.
O avanço chinês no continente é um ponto central da análise do professor. Trevisan lembrou que os investimentos da China no Brasil cresceram 113% entre 2023 e 2024, incluindo projetos de infraestrutura como o porto de Chancay, no Peru, avaliado em US$ 4 bilhões. A obra, capaz de receber grandes petroleiros, está conectada ao Brasil por cinco rotas ferroviárias bioceânicas financiadas por capital chinês.
Nesse contexto, Trevisan avalia que os EUA buscam manter influência política na região, enquanto a China aposta em vínculos econômicos e de dependência. “Será que nós não vamos ser território de disputa geopolítica muito maior do que a gente está imaginando?”, questionou.
Para o especialista, a América Latina e, em especial, o Brasil caminham para ocupar um espaço cada vez mais sensível nas estratégias de poder globais, tornando-se alvo direto da rivalidade entre Washington e Pequim.
Fonte: Cnnbrasil