Faria Lima, grandes veículos de imprensa e partidos do Centrão cobram fim do aumento real do mínimo, mas defendem manutenção de isenções bilionárias para empresas e investidores
A pressão para que o governo Lula interrompa a política de valorização do salário mínimo voltou a ganhar força, impulsionada por economistas ligados ao mercado financeiro, grandes veículos de mídia como Folha de S. Paulo e O Estadão, além de lideranças do Centrão no Congresso.
O alvo é a regra que garante aumento real, acima da inflação ao piso nacional, medida que impacta diretamente a renda de milhões de trabalhadores e aposentados.
Enquanto esse debate se intensifica, pouco se fala sobre outro ponto central do orçamento: as renúncias fiscais que beneficiam grandes empresas e o sistema financeiro, como a isenção na distribuição de lucros e dividendos, conhecida por críticos como “bolsa empresários”.
Essa política representa centenas de bilhões de reais que deixam de entrar nos cofres públicos e, diferentemente do salário mínimo, raramente entra no centro do debate sobre ajuste fiscal.
O economista Fabio Giambiagi, referência entre os chamados “fiscalistas”, afirmou que é necessário desvincular o aumento real do mínimo e também das aposentadorias. Sem isso, ele projeta três possíveis consequências: mudança no arcabouço fiscal para acomodar maiores gastos; cortes “dramáticos” nas despesas discricionárias ou aumento da carga tributária.
Enquanto isso, representantes da Faria Lima e do Centrão reforçam a mesma narrativa: conter gastos sociais para “preservar a responsabilidade fiscal”. Críticos, porém, apontam a contradição, o rigor fiscal defendido para trabalhadores e aposentados não se aplica quando o assunto são os benefícios tributários aos setores mais ricos da economia.
Fontes: O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo