Em discurso de abertura da 80ª Assembleia Geral, presidente defende soberania brasileira, critica interferência externa e condena política internacional baseada na força
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta terça-feira (23), a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso marcado por duras críticas às sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e à condução de Israel na Faixa de Gaza, classificada por ele como “genocídio”.
Sob aplausos, Lula afirmou que a soberania e a democracia brasileiras são “inegociáveis” e acusou potências estrangeiras de tentarem interferir nas instituições nacionais. “Não há justificativa para medidas unilaterais contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável”, disse, em referência às sanções americanas que atingiram autoridades do governo e do Supremo Tribunal Federal.
O presidente também denunciou o que chamou de “política do poder”, em substituição ao multilateralismo. Segundo ele, a “desordem internacional” enfraquece a democracia e fortalece hegemonias. “Falsos patriotas arquitetam ações contra o Brasil, mas não há pacificação com impunidade”, afirmou.
Ao destacar a recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, Lula disse que o processo demonstrou ao mundo a força das instituições brasileiras. “Foi um recado a todos os candidatos a autocratas: nossa democracia é inegociável”, declarou.
Sobre o conflito no Oriente Médio, Lula endureceu o tom contra Israel. “Não podemos silenciar diante de massacres que configuram genocídio contra o povo palestino em Gaza”, afirmou.
O discurso ocorre em meio a tensões entre Brasília e Washington, após o governo Trump impor tarifas e sanções em resposta ao julgamento de Bolsonaro. Após Lula, o próprio presidente americano subiu à tribuna, criticou brevemente o Brasil, mas sinalizou disposição para um encontro bilateral com o líder brasileiro na próxima semana.
Fonte: dw.com