Treze pessoas, incluindo um adolescente de 15 anos, foram resgatadas em Santo Antônio da Alegria (SP); grupo vivia em condições degradantes e foi atraído ao estado por falsas promessas. Motorista se recusou a colaborar com a operação.
Uma operação realizada no final de agosto em Santo Antônio da Alegria, interior de São Paulo, resgatou 13 trabalhadores rurais submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda de café. Entre os resgatados estava um adolescente de apenas 15 anos. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o motorista responsável por transportar o grupo tentou dificultar a ação dos auditores fiscais ao se recusar a informar o destino do ônibus, que levava os trabalhadores à propriedade rural.
O homem, que atua há duas décadas como turmeiro figura responsável por recrutar e gerenciar trabalhadores sazonais, foi abordado no início da operação conjunta realizada pelo MTE, Ministério Público do Trabalho (MPT) e com apoio da Polícia Militar. As imagens da ação só foram divulgadas nesta quarta-feira (1º) devido ao sigilo do inquérito.
As condições encontradas na fazenda foram descritas como gravíssimas. Os trabalhadores não tinham registro em carteira, viviam sem acesso a água potável ou instalações sanitárias e não recebiam equipamentos de proteção individual (EPI). Além disso, eram obrigados a comprar, com recursos próprios, materiais básicos para o trabalho, como botas, luvas e lonas para a colheita de café.
As moradias utilizadas pelos trabalhadores também estavam em estado precário. Segundo as investigações, eram alugadas pelo próprio turmeiro, com os valores descontados diretamente dos salários. Muitos dos resgatados enfrentavam ameaças de despejo em caso de atraso no pagamento.
O grupo era composto por trabalhadores oriundos de estados do Nordeste, como Paraíba, Bahia, Maranhão e Ceará. Eles foram atraídos para o interior paulista com promessas enganosas de melhores condições de vida e trabalho.
“Ao chegarem à cidade, depararam-se com dívidas, alojamentos insalubres e ameaças constantes”, afirmou o MTE em nota.
Após o resgate, os trabalhadores foram beneficiados com o seguro-desemprego para vítimas de trabalho análogo à escravidão. O empregador assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), comprometendo-se a pagar todas as verbas rescisórias, uma indenização individual a cada trabalhador e os custos com o retorno dos resgatados aos seus estados de origem, incluindo passagens e alimentação. Todos já retornaram às suas cidades.
O caso reforça a persistência do trabalho escravo contemporâneo no Brasil, mesmo em setores formalizados como o agronegócio. As investigações seguem em andamento para responsabilizar os envolvidos.
Fonte: g1
