Aliança entre o governador de São Paulo e a ex-primeira-dama é vista como a combinação mais poderosa do campo conservador, unindo gestão técnica e apelo popular bolsonarista.
A possível formação de uma chapa presidencial com Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato a presidente e Michelle Bolsonaro como vice vem ganhando corpo e gerando preocupação no Palácio do Planalto. A avaliação entre analistas políticos e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro é de que a dupla representaria uma combinação quase imbatível no campo da direita, reunindo atributos técnicos, eleitorais e simbólicos capazes de desafiar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
Tarcísio, atual governador de São Paulo, consolidou sua imagem como gestor eficiente, pragmático e moderado, atributos que ampliam sua aceitação entre setores do empresariado e do eleitorado de centro-direita. Já Michelle Bolsonaro mantém forte apelo junto ao público evangélico e às bases mais fiéis do bolsonarismo, além de carregar a marca da “família Bolsonaro”, que ainda mobiliza milhões de eleitores em todo o país.
Essa complementaridade é vista como o principal trunfo da possível chapa. Enquanto Tarcísio pode atrair o eleitor urbano e mais técnico, Michelle tende a reforçar a mobilização popular e emocional, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e no interior do Nordeste, onde o ex-presidente ainda mantém influência decisiva.
Nos bastidores, dirigentes do Republicanos, do PL e de partidos menores do campo conservador já tratam a hipótese Tarcísio-Michelle como “a mais viável para unir a direita”. A própria movimentação de Jair Bolsonaro, que enfrenta restrições jurídicas e pode ficar inelegível, indica uma estratégia de transferência de capital político para o governador paulista e sua ex-primeira-dama.
Pesquisas internas de partidos e institutos privados apontam que a dupla supera facilmente outros nomes do campo bolsonarista, como Romeu Zema (Novo) e Ratinho Junior (PSD), e aparece com chances reais de empatar tecnicamente com Lula em cenários de segundo turno.
Para o PT, a formação dessa chapa é motivo de apreensão. O entorno do presidente Lula reconhece que Tarcísio é o adversário mais perigoso, por combinar a marca do bolsonarismo com uma imagem de moderação e competência administrativa. O temor é que o governador consiga romper a rejeição natural ao bolsonarismo em parte do eleitorado, algo que o próprio Bolsonaro jamais conseguiu.
Apesar disso, o cenário ainda é de incerteza. Tarcísio evita declarações diretas sobre 2026 e afirma estar “focado na gestão de São Paulo”. Michelle, por sua vez, segue intensificando sua presença em eventos religiosos e encontros partidários, consolidando-se como figura-chave na mobilização da base conservadora.
Se confirmada, a chapa Tarcísio-Michelle tende a representar a união mais sólida da direita brasileira desde 2018, reunindo técnica, carisma e estratégia política. Para muitos analistas, seria a única combinação capaz de colocar em risco real a permanência de Lula no poder.
Fonte: Folha de S. Paulo