Com 192 casos registrados, sendo 14 confirmados e 178 em investigação, autoridades trabalham com duas principais linhas de apuração: uso do metanol na higienização de garrafas reaproveitadas e na adulteração de bebidas falsificadas.
A Polícia Civil de São Paulo conduz duas linhas principais de investigação para apurar os casos de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas no estado. Até a manhã de segunda-feira (6), o governo estadual registrava 192 notificações, das quais 14 foram confirmadas incluindo duas mortes e 178 seguiam sob investigação, com sete óbitos suspeitos. Uma terceira morte, de uma mulher de 30 anos em São Bernardo do Campo, ainda não havia sido oficialmente incluída no balanço.
De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, uma das hipóteses é que o metanol tenha sido utilizado indevidamente na higienização de garrafas reaproveitadas que não passaram pelo processo de reciclagem. “Existem regras de logística reversa que, infelizmente, não estão sendo cumpridas”, afirmou. Segundo ele, as garrafas são adquiridas no mercado clandestino e acabam sendo utilizadas na falsificação de bebidas.
A segunda linha de investigação considera a possibilidade de o metanol ter sido adicionado durante a produção de bebidas falsificadas. A suspeita é que os responsáveis pela adulteração poderiam ter tentado adicionar etanol puro ao produto, mas acabaram utilizando uma substância contaminada com metanol um álcool altamente tóxico e impróprio para o consumo humano.
A Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras do estado, reforçando as suspeitas sobre a origem criminosa dos produtos. Em resposta, o governo de São Paulo intensificou as ações de fiscalização e apreensão. Na última semana, mais de 7 mil garrafas suspeitas foram recolhidas em diferentes pontos do estado.
Durante entrevista coletiva, Tarcísio anunciou que solicitará à Justiça a destruição imediata de garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos. O objetivo é impedir que esses itens voltem a circular no mercado clandestino. “Um grande insumo para o falsificador é a garrafa que foi consumida e que deveria ir para a reciclagem, o que não está acontecendo”, alertou o governador.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que não há indícios de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou de outras facções criminosas na adulteração das bebidas. “É um crime de menor lucratividade, muito aquém do tráfico de drogas”, explicou.
As autoridades reforçam a importância de que a população evite consumir bebidas de procedência duvidosa e denuncie pontos de venda suspeitos. A investigação segue em andamento, com a expectativa de que novos laudos periciais sejam concluídos nos próximos dias.
Fonte: g1