MP é esvaziada para evitar aumento de impostos do setor de apostas; presidente da CNI critica “leniência dos parlamentares” com atividade considerada “mazela psicossocial”.
Na arena de negociações do Congresso, as casas de apostas esportivas (bets) demonstram ter um lobby difícil de superar. Parlamentares da base aliada, conhecida como Centrão, já deixaram claro que não permitirão a aprovação de um aumento de impostos sobre o setor, travando uma das principais propostas do governo na medida provisória do IOF, que está perto de vencer.
Para viabilizar a votação da MP, o relator retirou do texto a proposta que elevava a alíquota das apostas de 12% para 18%. A manobra para evitar o aumento da carga tributária das bets escancara a força política do setor no Legislativo. A resistência gerou indignação por parte de representantes da indústria.
Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), questionou publicamente a leniência dos parlamentares do Centrão com as apostas.
“Como podem ser tão lenientes com as bets, tidas pela sociedade como uma grande mazela psicossocial? Toda e qualquer carga tributária que incide sobre o setor produtivo é transferida para o custo do produto, e quem paga é o consumidor”, afirmou.
A situação ilustra o poder de fogo do lobby das apostas e os desafios do Palácio do Planalto em avançar sua agenda tributária em um Congresso onde o Centrão dita as regras do jogo e pelo menos por enquanto, as bets saem vencedoras.
Fonte: Folha de S.Paulo