Luiz Felipe D’Avila relança livro sobre os ‘Virtuosos’ da Primeira República e defende que as lições do passado são chave para a política atual e a união da direita nas próximas eleições.
A instabilidade política, a polarização e os choques entre Poderes não são uma novidade na trajetória brasileira. É o que lembra o cientista político e escritor Luiz Felipe D’Avila, candidato à Presidência em 2022, ao relançar o livro Os Virtuosos: os Estadistas que Fundaram a República Brasileira, duas décadas após sua primeira edição.
A obra revisita os governos de Prudente de Moraes, Campos Salles e Rodrigues Alves, os primeiros presidentes civis que enfrentaram o desafio de consolidar as instituições republicanas após um período de governos militares autoritários.
A história se repete – para D’Avila, a crença de que o Brasil vive um processo de polarização inédito é um erro que ignora a história. “Desde a fundação da República, o Brasil já teve sete Constituições, mais de doze estados de sítio, fechamento do Congresso e deposição de presidentes,” afirma.
O resgate dos “Virtuosos” é fundamental para a compreensão do presente. Prudente de Moraes, por exemplo, teve a missão de implementar a democracia liberal e afastar o país de governos autoritários. Já Campos Salles priorizou a organização das finanças públicas, e Rodrigues Alves buscou o crescimento econômico.
O cientista político traça um paralelo entre a luta desses republicanos liberais contra os “caudilhos e demagogos” da época e o cenário atual. Naquela transição, diz, o grupo ligado à “ala paulista” salvou o Brasil de um destino trágico de repúblicas autoritárias, pregando “instituições fortes, governo com poder limitado, garantia das liberdades individuais e uma política econômica liberal”.
Populismo – a tese de Campos Salles sobre a prioridade de cuidar bem das finanças do país é um ponto de crítica para D’Avila. “Vivemos justamente o oposto: um desarranjo fiscal que gera custos enormes à população,” critica.
Segundo o escritor, o rigor fiscal é vital para a saúde pública e para evitar problemas como a inflação e juros altos, sendo a redução do gasto público a fórmula para reverter o quadro.
Ele também aborda o populismo, definindo-o como uma ascensão que ocorre quando as instituições falham em responder às demandas populares. Para “vacinar” o país, D’Avila aposta em uma “geração extraordinária de novos governadores e prefeitos, comprometida com uma gestão baseada em dados e evidências”.
Direita e eleições – pensando no futuro da política nacional, as lições do passado se projetam sobre as eleições de 2026. D’Avila afirma ser otimista, mas condiciona a vitória da direita à sua capacidade de união.
Ele defende que o objetivo comum deve ser claro e único: “Retirar Lula e o PT do poder em 2026”. Para D’Avila, as disputas internas seriam o grande risco de perda, e a estratégia deve ser focar em eleger um dos atuais governadores de direita: Tarcísio de Feitas (SP), Ratinho Junior (PR), Romeu Zema (MG) ou Ronaldo Caiado (GO), alinhados à gestão baseada no controle dos gastos públicos e desvinculados do populismo. A clareza de propósito, como a que orientou os “Virtuosos” em suas missões, é a chave para o sucesso político no médio prazo.