Decisão do órgão ambiental abre caminho para exploração de petróleo em área sensível da Margem Equatorial; ambientalistas criticam medida tomada dias antes da conferência climática em Belém
A Petrobras recebeu autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar a perfuração de um poço exploratório de petróleo no bloco FZA-M-059, localizado na Foz do Rio Amazonas, uma das áreas mais sensíveis da Margem Equatorial brasileira. A licença foi concedida nesta segunda-feira (20), segundo comunicado divulgado pela estatal.
O anúncio ocorre a poucos dias do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará a cerca de 300 km do local da operação. A proximidade do evento internacional gerou forte reação de ambientalistas e organizações da sociedade civil, que há meses pressionam por maior proteção da região.
Apesar das críticas, a Petrobras celebrou a autorização como um avanço estratégico. “A conclusão desse processo, com a efetiva emissão da licença, é uma conquista da sociedade brasileira e revela o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e com a viabilização de projetos que possam representar o desenvolvimento do país”, afirmou a presidente da estatal, Magda Chambriard.
A perfuração do poço exploratório será iniciada imediatamente, de acordo com a empresa, e deve durar cerca de cinco meses. O objetivo é coletar dados geológicos para avaliar o potencial de existência de petróleo e gás em volumes comercialmente viáveis.
A Margem Equatorial se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é composta por cinco bacias sedimentares: Potiguar, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do Amazonas. A região tem sido considerada pela Petrobras como uma nova fronteira promissora para exploração de petróleo no país. Até 2028, a companhia prevê investir mais de US$ 3 bilhões na área, com planos de perfurar 16 poços exploratórios.
Ainda segundo Chambriard, a estatal atuará com “segurança, responsabilidade e qualidade técnica”, ressaltando que o processo de licenciamento envolveu interlocução com órgãos ambientais e governos em todas as esferas.
Entretanto, a decisão do Ibama reacende o debate sobre os riscos ambientais associados à exploração de petróleo em áreas de alta biodiversidade. Especialistas alertam para os impactos potenciais sobre os ecossistemas marinhos e comunidades costeiras, especialmente em uma zona próxima à foz de um dos maiores rios do mundo.
Com a licença em mãos, a Petrobras avança em um dos projetos mais controversos do setor energético nacional agora sob os olhares atentos da comunidade internacional.
Fonte: Metropoles