Medida afeta mais de 10 milhões de pessoas e autoriza mobilização de militares nas ruas, além de restringir direitos civis, como liberdade de reunião e inviolabilidade de domicílio.
O governo interino do Peru declarou, na última terça-feira (21), estado de emergência na região metropolitana de Lima e na cidade portuária vizinha de Callao. A decisão, anunciada pelo presidente José Jerí em pronunciamento à nação, visa conter a crescente onda de violência e extorsões atribuída ao crime organizado. A medida terá validade de 30 dias e atinge diretamente mais de 10 milhões de pessoas.
Com o decreto, o Executivo poderá mobilizar as Forças Armadas para patrulhamento ostensivo nas ruas e atuar em conjunto com a Polícia Nacional na manutenção da ordem pública. Além disso, estão suspensos temporariamente direitos constitucionais, como a liberdade de reunião e a inviolabilidade do domicílio ações justificadas pelo agravamento do cenário de insegurança.
“Compatriotas, a delinquência cresceu de maneira desmesurada nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e também prejudicando o progresso do país. Mas isso acabou. Hoje, começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”, afirmou Jerí, em um discurso de menos de três minutos, transmitido pela televisão estatal.
Entre as medidas adotadas está a proibição de duas pessoas circularem na mesma motocicleta, prática frequentemente usada por criminosos para cometer assaltos e homicídios. O estado de emergência marca a primeira ação de grande impacto do novo governo, que assumiu após a destituição da ex-presidente Dina Boluarte pelo Congresso no último dia 10 de outubro.
A crise na segurança pública se intensificou nos últimos meses, tornando-se a principal preocupação da população peruana. Dados oficiais mostram um salto expressivo nas denúncias de extorsão: de 2.396 casos em 2023 para mais de 17 mil em 2024. Só entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas 20.705 ocorrências, um aumento de 28,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Lima lidera o ranking de denúncias.
O anúncio do estado de emergência ocorre poucos dias após protestos massivos tomarem as ruas da capital. No dia 15 de outubro, manifestações lideradas por jovens contra a insegurança e o novo governo acabaram em confrontos violentos próximos ao Congresso, com saldo de um manifestante morto e mais de 100 feridos, entre civis e agentes de segurança.
“O Peru passou da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime, uma luta que nos permitirá recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos”, declarou Jerí, cercado por seus ministros. O governo promete que essa será apenas a primeira de uma série de medidas para enfrentar o crime organizado e restaurar a segurança nas cidades do país.
Fonte: jovempan.com.br