Entidade sem fins lucrativos atende mais de 20 mil pessoas e luta por regulamentação do uso terapêutico da cannabis no Brasil
Única instituição do Estado de São Paulo com permissão para cultivar cannabis com fins medicinais, a Associação Flor da Vida, em Franca (SP), vem transformando a vida de milhares de pessoas. Há seis anos em funcionamento, a entidade já atende mais de 20 mil pacientes, em sua maioria de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social.
O cultivo da planta é realizado em estufas e segue um processo rigoroso dentro do laboratório da associação. Após a colheita, as plantas passam por uma quarentena de 20 dias, seguidas de trituração e curtimento em álcool para evaporação e extração dos compostos ativos. O resultado é misturado ao óleo de coco, dando origem aos medicamentos distribuídos aos pacientes.
De acordo com o farmacêutico Osvaine Junior, o trabalho da Flor da Vida é pautado pela qualidade e pelo compromisso com a saúde dos usuários. “Aqui conseguimos mostrar que o processo é feito com seriedade e controle. Todo o trabalho é acompanhado de perto para garantir a segurança do produto”, afirma.
Além dos medicamentos, a associação também produz pomadas, óleos, sprays e cremes derivados da cannabis. Esses produtos são utilizados em tratamentos de diversas condições de saúde, como epilepsia, Parkinson, Alzheimer, dores crônicas, ansiedade, depressão e distúrbios do sono. O médico Plínio Miguel destaca a eficácia comprovada da planta em várias dessas situações. “Os resultados em doenças neurodegenerativas e transtornos neurológicos são muito promissores. Pacientes com epilepsia, por exemplo, têm respostas muito positivas”, explica.
Mesmo com o trabalho consolidado, a coordenadora de acolhimento da entidade, Maria Carolina de Pádua Pinto, reforça que a falta de regulamentação no país ainda é um grande obstáculo. Segundo ela, o uso terapêutico da cannabis depende de autorizações judiciais concedidas individualmente. “Enquanto não houver uma legislação específica, as associações continuarão recorrendo à Justiça. É preciso mudar a cultura e inserir o ensino sobre o sistema endocanabinoide nas faculdades de medicina”, defende.
Em outubro, a Advocacia-Geral da União solicitou ao Superior Tribunal de Justiça um novo prazo de seis meses para publicar a regulamentação do uso de medicamentos à base de cannabis no Brasil. Enquanto isso, instituições como a Flor da Vida seguem atuando na linha de frente, oferecendo tratamento, acolhimento e esperança a milhares de pessoas que dependem da planta para manter a qualidade de vida.
Fonte: g1.globo.com







