Pesquisas indicam que vínculos de amizade melhoram a expectativa de vida, reduzem o risco de depressão e são fundamentais para o equilíbrio emocional
Ter amigos vai muito além de compartilhar momentos divertidos ou trocar confidências. Estudos científicos mostram que as amizades têm impacto direto na saúde física e mental, contribuindo para uma vida mais longa e equilibrada.
Pesquisadores da Universidade do Kansas estimam que uma pessoa se torna melhor amiga de outra após cerca de 730 horas de convivência, o equivalente a um mês inteiro. Para que um simples conhecido se torne um amigo, seriam necessárias de 80 a 100 horas de contato, enquanto pelo menos 200 horas são essenciais para consolidar uma boa amizade. Ainda assim, especialistas afirmam que é comum manter laços muito próximos com apenas duas ou três pessoas ao longo da vida.
As amizades não apenas trazem companhia, mas também promovem aprendizado e bem-estar. Segundo psicólogos, mesmo as relações consideradas casuais têm valor, pois ampliam o círculo social e fortalecem a sensação de pertencimento. O ambiente escolar, o trabalho e atividades de lazer são os espaços mais comuns para o surgimento dessas conexões.
Na Alemanha, uma pesquisa mostrou que mais de dois terços dos jovens e adolescentes conhecem seus melhores amigos na escola, em cursos profissionalizantes, na universidade ou no ambiente de trabalho. A proximidade física também influencia: estudos apontam que alunos que se sentam próximos na sala de aula têm mais chances de se tornarem amigos do que aqueles que se sentam distantes.
A relevância das amizades vai além da convivência diária. Uma meta-análise publicada em 2010, baseada em 148 estudos, revelou que pessoas com muitos contatos sociais vivem mais. Manter boas amizades tem efeitos positivos comparáveis à decisão de parar de fumar e é ainda mais determinante para a longevidade do que o peso corporal ou a prática de exercícios físicos.
Outras pesquisas reforçam a importância dessas conexões. Um estudo de 2022 indicou que manter vínculos de amizade reduz o risco de depressão. No Reino Unido, uma análise de longo prazo com mais de 10 mil participantes mostrou que indivíduos com uma rede social ativa também têm menor probabilidade de desenvolver demência, especialmente quando o contato inclui amigos além da família.
De acordo com a psicóloga Anna Schneider, o ser humano é, por natureza, ultrassocial. Além das necessidades básicas, como alimentação e descanso, todos precisam sentir-se conectados, capazes de tomar decisões e de provocar mudanças por meio de suas próprias ações. Schneider destaca que as amizades atendem a todas essas necessidades e, muitas vezes, até mais do que os vínculos familiares.
“A família é algo que nos é dado, mas as amizades são escolhidas”, afirma a especialista. “Quando percebemos que somos valorizados por quem somos, e não apenas pelo papel que exercemos na família, entendemos o verdadeiro poder de uma amizade.”
Fonte: dw.com







