Expansão silenciosa: interior paulista vive disputa entre facções e “toque de silêncio” imposto pelo crime organizado

Conflito entre PCC, Comando Vermelho e grupos dissidentes transforma Rio Claro em foco da guerra por território

Ausência de hegemonia e uma disputa sangrenta entre facções transformaram Rio Claro, município de 200 mil habitantes na região central do estado de São Paulo, em um dos novos epicentros da guerra pelo tráfico de drogas no interior paulista.

O município vive sob um paradoxo: o aumento expressivo dos homicídios e, ao mesmo tempo, a queda brusca nos furtos e roubos.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), Rio Claro registrou 24 homicídios dolosos em 2025, sendo oito execuções, o que representa um aumento de 26,3% em relação ao ano anterior. A taxa de 11,92 mortes por 100 mil habitantes é quase três vezes superior à média estadual (4,09). Em 2024, o índice já havia sido alarmante: 32 homicídios, taxa de 13,85 por 100 mil.

Fontes da polícia e do Ministério Público atribuem a escalada da violência ao conflito direto entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de grupos dissidentes, como o chamado “Bonde do Magrelo”, formado por ex-integrantes do PCC que se aliaram ao CV.

Disputa territorial e “toque de silêncio” – investigações da Polícia Militar e do Ministério Público indicam que a ausência de um “dono” consolidado do tráfico local abriu brechas para novas alianças e traições. O PCC, embora dominante em todo o estado, não controla Rio Claro com a mesma rigidez de outras cidades paulistas. Isso favoreceu o avanço de células do CV e de facções menores que tentam ocupar o vácuo de poder.

Um relatório de inteligência da PM aponta que a guerra por território entre os grupos levou ao que policiais chamam de “toque de silêncio”, uma espécie de código interno que proíbe crimes como roubos e furtos, especialmente contra comerciantes e moradores. O objetivo: evitar chamar atenção da polícia e permitir o livre fluxo das atividades ligadas ao tráfico e à lavagem de dinheiro.

Na prática, o reflexo é estatístico. Entre janeiro e setembro deste ano, os roubos caíram 29,6% (de 302 para 214 casos), e os furtos tiveram redução de 23,7%, segundo dados oficiais da SSP. Embora o clima de insegurança persista entre os moradores, os crimes patrimoniais diminuíram justamente por conta da pressão imposta pelas facções.

Há uma ordem velada para não cometer crimes de rua. O foco é manter a estrutura do tráfico e evitar operações policiais que possam desestabilizar os negócios.

Violência -crimes de grande repercussão, como o quádruplo homicídio de novembro de 2024 e a execução dentro de um supermercado em dezembro, foram diretamente associados à disputa entre as facções.

Fontes policiais afirmam que o PCC vem priorizando o tráfico internacional e atividades de lavagem de dinheiro, deixando o comércio local nas mãos de grupos menores e instáveis, o que amplia o número de conflitos.

Segundo autoridades policiais do de SP, o crime organizado não está apenas nos grandes centros. Ele se reorganizou e se interiorizou. O que acontece em Rio Claro é o reflexo dessa expansão que tende a aumentar entre os municípios paulistas

Com o fortalecimento do CV e a fragmentação do PCC, cidades médias do interior paulista passam a figurar no radar das forças de segurança como novos polos de disputa e experimentação de poder criminal.

A tática de reduzir crimes comuns e manter uma aparência de “tranquilidade” faz parte de uma estratégia para blindar o tráfico e os fluxos financeiros das facções.

Enquanto isso, moradores de Rio Claro convivem com a contradição diária de ruas aparentemente pacíficas e um submundo em guerra, onde cada morte carrega a assinatura de uma disputa maior, uma guerra silenciosa que se expande, quilômetros além da capital.

Fonte: G1 São Carlos, O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão

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