Prefeito com 7 milhões de seguidores, é afastado do cargo e apontado pela PF como líder de organização criminosa que desviava recursos da saúde
Rodrigo Manga, conhecido nacionalmente por transformar a administração de Sorocaba em um reality show político, foi afastado do cargo nesta quinta-feira (6) por ordem da Polícia Federal. O inquérito aponta que o mesmo celular usado para gravar vídeos virais — com bordões como “Vem morar em Sorocaba” — também servia para coordenar um sofisticado esquema de corrupção que movimentou milhões em contratos públicos.

A operação “Copia e Cola”, deflagrada pela PF, revelou um sistema de fraudes e desvios em licitações da área da saúde e da educação. De acordo com os investigadores, a estrutura criminosa usava Organizações Sociais (OSs) como fachada para o desvio de verbas e lavagem de dinheiro.
A Máscara Digital
Por trás da imagem leve e bem-humorada de um prefeito “popular”, a PF identificou indícios de superfaturamento em obras e contratos públicos. Os vídeos de Manga, que acumulavam milhões de visualizações, escondiam irregularidades milionárias.
- Fachada viral: o bordão “Vem morar em Sorocaba” foi usado enquanto contratos apresentavam sobrepreço em obras e compras públicas.
- Estratégia dupla: em 2023, Manga já tinha bens bloqueados por superfaturamento de R$ 26 milhões em kits de robótica para escolas municipais.
Os Dois Lados da Moeda
Nas redes, Manga se apresentava como gestor moderno, vendendo a imagem de Sorocaba como “a melhor cidade do Brasil”. Nos autos do processo, porém, a Polícia Federal descreve um grupo organizado, com divisão de funções, para desviar recursos públicos e dificultar a fiscalização.
A investigação revelou que o mesmo grupo contratava influenciadores e impulsionava vídeos para ampliar o alcance da imagem de eficiência e transparência do governo municipal — uma cortina de fumaça digital que mascarava os crimes.
Escalada do esquema
- 2021: Compra de prédio para a Secretaria de Educação com superfaturamento de R$ 10 milhões.
- 2023: Bloqueio de bens após licitação fraudulenta envolvendo empresas ligadas a servidores.
- 2024: Manga é reeleito com larga vantagem, mesmo após condenação de secretários por corrupção — penas que somaram 23 anos de prisão.
- 2025: PF apreende carros de luxo, armas e R$ 1 milhão em espécie durante operação em endereços ligados ao prefeito e seus assessores.
Um novo rosto da corrupção
O caso de Rodrigo Manga marca o surgimento de um novo perfil de político acusado de corrupção: o influenciador institucional. Ao transformar o poder público em palco digital, o prefeito tiktoker criou uma narrativa de sucesso e transparência — enquanto, segundo a PF, o erário era saqueado nos bastidores.
A queda do gestor sorocabano acende um alerta sobre o uso das redes sociais como ferramenta de manipulação política e blindagem moral em tempos de escândalos.
Fonte: G1 Sorocaba – G1 Campinas







