Liderados por André Esteves, banqueiros e economistas ligados ao mercado financeiro intensificam ofensiva para que o governo adote um ajuste fiscal de R$ 250 bilhões, com cortes em direitos sociais, congelamento de investimentos em Saúde e Educação
A elite financeira brasileira voltou a pressionar o governo federal por um ajuste fiscal considerado “duro” e “estrutural”, mirando diretamente os direitos da população de baixa renda e os investimentos sociais.
O movimento é liderado por banqueiros como André Esteves, do BTG Pactual, e conta com apoio de rentistas da Faria Lima e de parte da grande mídia econômica, que têm promovido uma campanha em defesa de cortes de gastos públicos e da contenção do crescimento real do salário mínimo.
Em declarações recentes, Esteves afirmou que o Brasil precisa realizar um ajuste fiscal equivalente a 2% do PIB, o que corresponde a cerca de R$ 250 bilhões, para conter o avanço da dívida pública.
“Vamos fechar este ano e o ano que vem com um déficit de 0,5% do PIB. Você precisa sair de menos 0,5% para mais 1,5% do PIB sob hipóteses extraordinariamente favoráveis. É um ajuste de dois pontos percentuais do PIB”, disse o banqueiro, ao defender a revisão das políticas de valorização do salário mínimo e o congelamento dos gastos sociais.
Na mesma linha, o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e hoje colunista do mercado financeiro, declarou que o país “inevitavelmente” terá de cortar despesas ou rever benefícios para equilibrar as contas públicas.
Arrocho para os mais pobres:
Entre as medidas defendidas pelos banqueiros e pelos chamados “fiscalistas” da Faria Lima estão:
- Fim do reajuste real do salário mínimo, que hoje cresce acima da inflação;
- Desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, abrindo caminho para que aposentadorias e pensões cresçam menos que o piso nacional;
- Congelamento dos investimentos em saúde e educação, por meio da desvinculação constitucional que hoje obriga o governo a investir parte das receitas nessas áreas;
- Bloqueio de novas políticas de valorização social, mesmo diante da recuperação lenta da economia e do aumento da desigualdade.
Essas propostas, segundo especialistas críticos ao mercado financeiro, transferem o peso do ajuste fiscal para os mais pobres — enquanto o sistema tributário permanece concentrado em impostos sobre o consumo e a renda do trabalho, sem incidir de forma progressiva sobre lucros, dividendos e grandes fortunas.
Outro lado:
Economistas críticos aos rentismo brasileiro argumentam que o discurso da austeridade fiscal favorece os rentistas e credores da dívida pública, que lucram com as isenções de impostos em várias aplicações financeiras (“Bolsa Empresário“). Para eles, o que o mercado chama de “responsabilidade fiscal” costuma ser, na prática, uma política de transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos, através de benefícios e isenções fiscais promovidos pelo Estado
Para esses economistas o povo é quem acaba pagando a conta, os ricos continuam pagando proporcionalmente menos impostos em relação aos mais pobres, mas querem que se corte salário, aposentadoria e investimento em saúde e educação.
Enquanto isso, a pressão pública de figuras como André Esteves é vista como um sinal de alinhamento da elite financeira para forçar o governo a priorizar o ajuste fiscal em detrimento da política de valorização social, justamente num momento em que o país tenta equilibrar o crescimento econômico com a redução das desigualdades históricas existente no país.
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