Facção atua como uma “multinacional do crime”, infiltra-se em setores estratégicos da economia e expande presença para 28 países
Uma investigação conjunta do Ministério Público (MP) e da Polícia Federal (PF) expõe a dimensão bilionária das operações financeiras do Primeiro Comando da Capital (PCC), cuja receita anual ultrapassa R$ 100 bilhões apenas em dois segmentos: tráfico de drogas e setor de combustíveis. As autoridades classificam a facção como uma verdadeira “multinacional do crime”, capaz de operar com alta complexidade logística, financeira e expansão territorial dentro e fora do Brasil.
Levantamentos recentes mostram que o PCC conta com integrantes identificados em pelo menos 28 países, mantendo alianças estratégicas com grupos criminosos locais para ampliar seu alcance no mercado internacional de drogas e em atividades econômicas paralelas. A facção, que nasceu nos presídios paulistas na década de 1990, consolidou-se como o maior conglomerado criminoso da América do Sul.
Segundo os investigadores, o PCC movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano apenas com o tráfico de drogas. A cifra inclui desde a distribuição no varejo e atacado dentro do Brasil até a exportação de cocaína para a África e a Europa, em uma cadeia logística que envolve portos, aeroportos, empresas de fachada e operadores financeiros.
A Operação Carbono Oculto revelou que a participação da facção no setor de combustíveis é ainda mais lucrativa. O esquema movimenta aproximadamente R$ 80 bilhões por ano, utilizando distribuidoras, postos e redes de transporte para ocultar valores, sonegar impostos e operar lavagem de capitais em larga escala.
As apurações mostram que esses recursos são reinvestidos por meio de fundos de investimento, fintechs e bancos digitais, criando um ecossistema financeiro paralelo que dificulta o rastreamento do dinheiro ilícito.
Além das drogas e dos combustíveis, o PCC opera um braço financeiro estruturado que administra empresas rentáveis e diversificadas. A organização criminosa busca se infiltrar em setores sensíveis da economia brasileira, incluindo:
- Transporte de cargas e logística
- Fundos de investimento e operações financeiras sofisticadas
- Serviços públicos, como transporte coletivo, contratos de saúde e coleta de lixo
Essas áreas ampliam não apenas o faturamento, mas também a influência territorial e política da facção, que se beneficia de brechas regulatórias e de relações com agentes corruptos.
As autoridades alertam que o montante divulgado — R$ 100 bilhões ao ano — representa apenas parte do que o PCC realmente movimenta. A cifra não engloba outras atividades tradicionais da facção, como os assaltos de grande porte conhecidos como “Novo Cangaço”, roubos a empresas de transporte de valores, extorsões e esquemas dentro do sistema prisional.
A investigação aponta que a diversificação dos negócios criminosos, aliada ao uso de mecanismos financeiros avançados, transforma o PCC em uma das organizações ilícitas mais lucrativas do planeta, com capacidade de operar em escala global e disputar mercados com cartéis internacionais.
Fonte: Band Jornalismo







