José Carlos Oliveira, ligado ao PSD de Gilberto Kassab, assinou acordos com 10 entidades suspeitas de fraudes de R$ 1,9 bi; ex-ministro usa tornozeleira eletrônica
O ex-ministro da Previdência no governo Jair Bolsonaro, José Carlos Oliveira, filiado ao PSD de Gilberto Kassab em São Paulo, e seu sócio Edson Yamada, ex-dirigente do INSS, tornaram-se figuras centrais no esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias investigado pela Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, ambos assinaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com dez entidades suspeitas de participar das fraudes que movimentaram R$ 1,9 bilhão em cobranças indevidas sobre benefícios previdenciários.

A atuação dos dois dentro da máquina pública foi decisiva para o avanço do esquema. Três desses ACTs foram firmados por Oliveira quando ocupava o cargo de diretor de Benefícios do INSS, posição estratégica para autorizar parcerias com associações e sindicatos. Outros sete acordos foram aprovados por Yamada, que assumiu funções de chefia durante a gestão do próprio Oliveira no Ministério da Previdência. A relação entre os dois se estendia também ao terreno político: em 2024, Yamada fez uma doação eleitoral de R$ 15 mil para a campanha de Oliveira a vereador de São Paulo, pelo PSD.
A ligação pessoal e profissional vai além da burocracia estatal. Oliveira e Yamada são sócios na consultoria Oriente, empresa que também tem a filha do ex-ministro, Yasmin Ahmed Oliveira, em seu quadro societário. De acordo com as investigações, a consultoria funcionava como uma espécie de eixo operacional que conectava autorizações oficiais do INSS a contratos firmados com as entidades sob suspeita, consolidando uma engrenagem privada que lucrava a partir das brechas institucionais.
Na fase mais recente da operação, a Polícia Federal pediu a prisão preventiva dos investigados. Oliveira não foi preso por decisão do ministro André Mendonça, do STF, mas passou a usar tornozeleira eletrônica e permanece monitorado. Já Yamada segue sob investigação direta e continua sendo um dos alvos centrais do inquérito.
O escândalo expõe como o PSD de Kassab, frequentemente apresentado como o “partido da gestão”, acolheu em suas fileiras um ex-ministro agora implicado em um dos maiores casos de fraude da história da Previdência. Enquanto isso, milhões de aposentados em todo o país tiveram seus benefícios corroídos por descontos ilegais, revelando a profundidade e a capilaridade de um esquema que atravessou governo, aparato administrativo e estruturas partidárias.
Fonte: Metropoles – SP







