Receita Federal e MPs de cinco estados miram Grupo Refit e esquema bilionário no setor de combustíveis
Uma megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (27), batizada de “Poço de Lobato”, busca desarticular um gigantesco esquema de fraude que causou um prejuízo estimado em mais de R$ 26 bilhões ao Estado brasileiro.
A operação, que mobiliza mais de 621 agentes públicos da Receita Federal, Ministérios Públicos (MPs) de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, e do Distrito Federal, além de Procuradorias e Polícias, cumpriu 126 mandados de busca e apreensão contra alvos ligados ao Grupo Refit, dono da antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e de dezenas de empresas do setor de combustíveis.
O grupo é chefiado pelo empresário Ricardo Magro, que reside em Miami, familiares do empresário também estão entre os alvos das ações.
Para garantir o crédito tributário não pago, a Justiça determinou o bloqueio imediato de R$ 10,2 bilhões em bens contra todos os integrantes do grupo, incluindo imóveis e veículos. Em paralelo, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) adotou medidas na Justiça Federal para indisponibilizar mais R$ 1,2 bilhão da empresa.
Os alvos, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, são suspeitos de integrar uma organização criminosa e de praticar diversos crimes, como: crimes contra a ordem econômica e tributária; lavagem de dinheiro e organização criminosa
Operações Internacionais e Fundos Anônimos
As investigações da Receita Federal revelaram que o grupo também utilizava estruturas internacionais para blindagem patrimonial e ocultação de lucros:
- Offshores e Fundos: empresas, fundos de investimento e offshores eram usados para adquirir ativos no exterior.
- Importação Ilegal: as empresas atuavam como interpostas pessoas, comprando nafta, hidrocarbonetos e diesel no exterior com recursos vindos de distribuidoras vinculadas ao grupo. Entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis.
- Movimentações Bilionárias: uma grande operadora financeira, sócia de outras instituições, prestou serviços ao grupo Refit em movimentações que atingiram a cifra de R$ 72 bilhões em um ano.
Os recursos obtidos ilegalmente eram investidos em outros negócios e ativos, incluindo a compra de propriedades, para dar uma aparência de legalidade e dificultar o rastreamento.
Foram identificados 17 fundos ligados à Refit, com patrimônio de até R$ 8 bilhões, muitos com apenas um cotista. Em alguns casos, há a participação de sócios estrangeiros de empresas constituídas em Delaware, nos Estados Unidos, local que permite a criação de empresas do tipo LLC, que oferecem garantia de anonimato e não estão sujeitas à tributação local.
Fonte: O Globo







