Vereador Zé Carlos Nova Era (PL) está sendo acusado de corrupção ocorrida quando ocupou a presidência da Câmara Municipal de Mauá
A denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o vereador Zé Carlos Nova Era (PL) escancarou mais um caso que ilustra um dos maiores problemas da gestão pública brasileira: a sangria de recursos municipais por meio de esquemas de corrupção que drenam dinheiro que deveria ser destinado a serviços essenciais para a população.
Segundo a investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o parlamentar teria embolsado R$ 595,7 mil de um esquema que fraudou uma licitação de R$ 4 milhões para digitalização de documentos da Câmara Municipal de Mauá, na Grande São Paulo. O suposto crime ocorreu em dezembro de 2021, quando Zé Carlos presidia a Casa Legislativa.
O caso revela um modus operandi que se repete em municípios de todo o país: licitações realizadas às pressas, às vésperas de feriados, sem transparência e com participação de empresas que, na prática, pertencem a um mesmo grupo. Em Mauá, foram 14 pessoas envolvidas, incluindo funcionários públicos e o próprio presidente da Câmara.
O retrato de um problema nacional
O caso de Mauá não é isolado. Pelo contrário, representa um padrão que se replica em municípios de norte a sul do país. Segundo dados do Tribunal de Contas da União e de controladorias estaduais, fraudes em licitações estão entre as irregularidades mais comuns em prefeituras e câmaras municipais brasileiras.
O poder Legislativo municipal, em particular, costuma operar com menos escrutínio público que outras esferas. Vereadores controlam orçamentos significativos para custeio das câmaras, muitas vezes sem a devida fiscalização da sociedade civil ou da imprensa local.
A cada esquema revelado, fica evidente que o fortalecimento dos mecanismos de controle, a transparência radical dos processos licitatórios e o engajamento da sociedade civil são fundamentais para estancar a sangria de recursos públicos municipais. Recursos que, vale lembrar, são financiados pelos impostos pagos por cidadãos que dependem desses mesmos serviços públicos para viver com dignidade.
Enquanto a Justiça não der uma resposta firme e exemplar a casos como o de Mauá, a mensagem que prevalece é de impunidade — e o ciclo de corrupção continua.
Fonte: G1 – São Paulo







