Políticos como Tarcísio de Freitas, Nikolas Ferreira e Renan Santos defendem a adoção de medidas inspiradas em El Salvador, onde o estado de exceção já foi prorrogado 41 vezes e reduziu drasticamente os homicídios
Nas últimas semanas, figuras de destaque da direita brasileira têm defendido que o país adote estratégias semelhantes às implantadas pelo governo de Nayib Bukele, em El Salvador. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o deputado federal Nikolas Ferreira e o presidente do MBL, Renan Santos, passaram a citar o modelo salvadorenho como exemplo de ação rigorosa contra o crime organizado. Para esses políticos, o chamado modelo Bukele representa uma resposta firme diante da escalada da violência no Brasil.
As manifestações públicas seguem posições já expostas por cada um deles. Tarcísio descreve o plano de segurança de El Salvador como um símbolo de contundência no enfrentamento à criminalidade. Nikolas Ferreira, que viajou ao país em novembro, afirma que a visita serviu como aprendizado sobre políticas de combate a facções. Renan Santos, pré-candidato à Presidência, diz que há demanda popular por medidas de encarceramento em massa semelhantes às adotadas no país centro-americano.
O interesse pelo modelo é sustentado pelos números divulgados pelo governo salvadorenho. Por décadas, El Salvador esteve entre os países mais violentos da região. Em 2015, o índice de homicídios atingiu um dos piores patamares, com 911 assassinatos apenas no mês de agosto. A partir da eleição de Bukele, em 2019, a curva de violência começou a cair de forma acelerada. Dados oficiais registram 114 homicídios em 2024, uma redução de 97% em relação ao ano anterior à chegada do presidente ao cargo, quando foram contabilizados 3.346 casos.
A queda expressiva da criminalidade impulsionou a popularidade de Bukele, que ampliou consideravelmente seu poder político. O presidente conseguiu modificar a Constituição, que proibia a reeleição, e venceu o pleito de 2024 com 84,65% dos votos. Desde março de 2022, o país vive sob um estado de exceção continuamente renovado, o que suspende garantias constitucionais e autoriza prisões sem mandado judicial. O que começou como medida emergencial tornou-se um mecanismo permanente de controle estatal, ponto central do debate que agora inspira parte da direita brasileira.
Fonte: poder360.com.br







