Justiça reconheceu uso de informações sigilosas e viaturas oficiais para cobrar propina de motoristas; grupo foi desmantelado na Operação Curió, em Brasília (DF).
A Justiça do Distrito Federal determinou a cassação da aposentadoria do ex-policial civil Edilson Cordeiro Rodrigues, conhecido como “Gato Seco”, após reconhecer sua participação em um esquema de extorsão que envolvia o uso de informações privilegiadas, viaturas oficiais e armas para constranger motoristas em situação irregular. O caso expõe a atuação de um grupo formado por ex-integrantes das forças de segurança que se valia da estrutura do Estado para obter vantagem financeira ilícita.
Segundo as investigações, Rodrigues acessava sistemas internos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para identificar veículos com pendências administrativas ou em situação irregular. De posse dessas informações, ele localizava os automóveis e organizava abordagens que simulavam operações policiais legítimas. O objetivo era intimidar os condutores e exigir dinheiro como condição para não efetuar prisões em flagrante ou apreensões.
A execução das abordagens contava com o apoio do ex-policial militar Vicente Alves do Nascimento, expulso da corporação por homicídio. Armados e utilizando viaturas da PCDF, os envolvidos abordavam as vítimas e impunham o pagamento de propina para evitar a atuação formal da polícia. A prática, segundo o Ministério Público, configurava um claro desvio de função e abuso de autoridade.
O esquema foi desarticulado em 2013, durante a Operação Curió, que resultou na prisão de Rodrigues e de Nascimento. A investigação e a denúncia foram conduzidas pelo Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), órgão responsável por apurar crimes praticados por agentes de segurança pública.
Em 2016, a Justiça condenou os envolvidos pelo crime de concussão, tipificado quando o funcionário público exige vantagem indevida em razão do cargo. As penas impostas foram de 8 anos e 5 meses de reclusão para Edilson Cordeiro Rodrigues; 10 anos e 11 meses para Vicente Alves do Nascimento; e 9 anos de reclusão para o ex-policial militar José Francisco da Silva, que também integrava o grupo.
A decisão que resultou na cassação da aposentadoria de Rodrigues reforça o entendimento de que benefícios concedidos a servidores públicos podem ser revogados quando comprovado o uso do cargo para a prática de crimes graves. Para o Ministério Público, o caso é emblemático por evidenciar a importância do controle externo da atividade policial e da responsabilização de agentes que traem a confiança da sociedade ao se valer do poder estatal para fins ilícitos.
Fonte: Notícias do Planalto







