A observação desta nova espécie em Porto Ferreira foi por acaso. No final do mês de Julho de 2011, o graduando do curso de biologia Elton T. Vidal Madalena avistou esta pequena espécie quando caminhava pelo gramado, na área de uso público do Parque Estadual de Porto Ferreira.
Após o registro fotográfico, foi providenciada a sua identificação pelo especialista Dalton Holland Batista.
Trata-se de Zeuxine strateumatica, uma espécie que possui seu centro de origem na região central e sudeste da Ásia e nordeste da Oceania, e chegou no sul dos Estados Unidos da América, no estado da Flórida em 1938. Estas informações encontram-se no trabalho científico recém publicado na revista Kew Bulletin (Volume 66, número 1, páginas 155-158), do Jardim Botânico de Kew, em Londres, Inglaterra, pelos autores brasileiros Luiz Menini Neto, Marcelo Rodrigues Miranda e David Cruz, no qual constatam que a presença desta espécie ocorreu, pela primeira vez no Brasil, no município de Caraguatatuba, no ano de 2009, numa faixa entre a restinga e a floresta pluvial atlântica.
A presença desta microorquídea exótica na região, de aproximadamente 5 cm e com flores brancas e amarelas minúsculas, intrigou também o Botânico Professor Dr. Reinaldo Monteiro e seus alunos da UNESP, campus Rio Claro, pois a nossa região biogeográfica é bem diferente daquela da origem da Z. strateumatica, principalmente porque aqui a espécie está estabelecida em área de domínio de cerrado.
Logo após a descoberta da nova espécie em Porto Ferreira, os olhares do Professor Monteiro e seus alunos ficaram atentos para os gramados próximos às edificações do Campus da UNESP de Rio Claro. Assim, foi para o graduando do curso de Ecologia, João Paulo M. Godinho, uma surpresa encontrar a Z. strateumatica também em área úmida dos gramados que rodeiam o Departamento de Ecologia da UNESP em Rio Claro. As preferências de ambiente para esta orquídea continuam sendo as mesmas, como já relatadas pelo trabalho científico acima citado: áreas modificadas pelo homem, solos arenosos ou arenoargilosos, preferencialmente em gramados com sol e água.
Tudo indica que estamos diante de mais um caso de invasão biológica, mas desta vez é uma orquídea que invade os gramados, aparentemente sem causar quaisquer danos.