Nos últimos anos estamos assistindo a uma verdadeira guerra sendo travada a céu aberto. Todos os dias assistimos, ouvimos e comentamos a respeito dos inúmeros acidentes de trânsito que ocorrem em todo País, fatalidades estarrecedoras, um número quase que incalculável de vítimas que envolvem carros importados e nacionais, motociclistas, ciclistas, pedestres, ricos e pobres, crianças e idosos, negros, brancos e etc.
O trânsito não discrimina ninguém, ele mata.
A responsabilidade do trânsito é de todos dentro da sociedade, dos governantes e da comunidade, cada um deve fazer sua parte.
O papel da sociedade em relação ao trânsito é a prática da ética e da cidadania, para que seus direitos sejam garantidos como o direito de ir e vir.
Ética: Reflexão crítica sobre a moralidade.
Cidadania: É a participação efetiva de todos em favor do bem comum.
O papel dos governantes é de regular e amparar à sociedade.
Regular: Criar às regras e as leis.
Amparar: Auxiliar, proteger e sustentar.
O trânsito baseia-se em um tripé: Engenharia, Fiscalização e Educação, quando um, ou todos desses fatores falham, o que nós temos é esse “câncer” maligno, presente diariamente em nossas vidas.
Mais para que essa “doença” social chamada: trânsito, seja combatida efetivamente, para que se reduza os impactos maléficos, faz-se necessário que os governantes (re)vejam a prioridade da sociedade, faz-se necessário que os governantes ouçam o clamor das mães que têm seus filhos retirados de seu convívio por um mal eminente, faz-se necessário que os governantes vejam o trânsito de outro ponto de vista e não como um fator de que acidentes de trânsito acontecem. Acidentes de Trânsito não acontecem, 90% deles são causados por falhas humanas e 10% por condições adversas, o que não é diferente em nossa cidade.
O atual Código de Trânsito Brasileiro – CTB, Lei Federal nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997, dispensa um capítulo (com seis artigos) exclusivo ao tema Educação para o Trânsito o que representa 15% dos 341 artigos da lei.
O Brasil nos últimos 15 (quinze) anos desde a criação do novo Código não conseguiu encontrar uma solução em um de seus pilares administrativos que consisti o Gerenciamento de Trânsito. Uma das formas de reverter os índices de acidentes trânsito, é a criação de uma Gestão de trânsito qualificada, principalmente para os município, pois é impossível falar sobre recursos que amenizem índices e ações preventivas, sem antes tratar especificamente de todos profissionais envolvidos com o trânsito. O município de Porto Ferreira encontra-se carente de qualificação na área de trânsito o que faz com que o nosso trânsito seja uns dos mais violentos do Estado de São Paulo, fazendo um comparativo entre os anos de 2009 e 2010 o aumento foi de quase 11%, nas vitimas com lesões, quanto ao número de mortes esses são alarmantes em 2009 foram 05 (cinco) e em 2010 foram 13 (treze) mortos, o que equivale ao aumento de 160% de vítimas fatais e o ano de 2011 já contabiliza até o mês de setembro 198 vítimas e 10 mortos, e ainda faltam 2 meses para acabar o ano, infelizmente novas vítimas poderão surgir.
As leis de trânsito são bem embasadas quando relacionadas ao comportamento humano, porém pouco ou quase nada se aplica o que acaba apresentando resultados ruins.
O trânsito não se limita aos centros das cidades, no reforço da pintura da sinalização horizontal (solo) e colocação de lombadas sem obedecer os critérios técnicos que o Código exige, o direito de ir e vir é para todos e não para meia dúzia.
O trânsito requer compreensão, atenção e cuidados específicos, o trânsito é complexo, não podemos mais permitir que motocicletas transitem na contramão, que vans escolares transportem alunos sem o mínimo de segurança como se fosse carga sem valor, que caçambas não sinalizadas obstruindo os estacionamentos, passagem e visão, que placas indicativas de destino e turísticas sem manutenção e encostadas nos cabos de energias elétricas podendo gerar um acidente de proporções trágicas, farmácias que tratam as vias públicas como estacionamentos particulares, cadeiras obstruindo estacionamento de veículo nas frentes das lojas e principalmente que faixas de pedestres não sejam respeitadas.
Trânsito uma Questão de Cidadania.
Manuel Carlos Pereira – Educador de Trânsito