Quanto mais se observa o mundo dos animais, mais surpresas são reveladas.
É o caso da pequena espécie de sapo conhecida popularmente como sapo “Quatro-olhos”, ou ainda, “Rã-piadeira”, cujo nome científico é Eupemphix nattereri.
Diferente da maioria dos anfíbios, que prefere áreas alagadiças, esta espécie se adaptou em áreas mais secas, onde está estabelecida a vegetação do Cerrado.
Para manter sua pele úmida e não sofrer com a variação de temperatura, ele vive entocado no solo a maior parte do ano e sai para se reproduzir no verão, nas poças d’água formadas no período de chuvas prolongadas.
Mas quando se trata de defesa, este sapo possui uma estratégia interessante:
se ele se sente ameaçado, infla os pulmões e incha seu corpo, em seguida vira de costas para o suposto predador e levanta a parte traseira. Dessa forma, deixa transparecer duas manchas negras, arredondadas, parecidas com olhos de uma ave-de-rapina.
Essas manchas negras, na verdade são duas glândulas de sua pele que produzem uma secreção venenosa.
Caso o predador ignore o alerta do sapo-quatro-olhos e resolva atacar, a secreção das glândulas provoca seu envenenamento.
A secreção da glândula cutânea do sapo Eupemphix nattereri foi estudada recentemente e revelou três moléculas denominadas nattererinas, que já foram sintetizadas quimicamente. Essas moléculas possuem atividade microbiana e poderá um dia ser utilizadas na produção de novos medicamentos.