Em 2012, a poetisa Marina Mara, da cidade de Brasília, organizou o evento Declame para Drummond, 2012. O evento aconteceu no dia 31 de Outubro de 2012, em comemoração a data de nascimento do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. O evento contou com 110 poetas participantes e o escritor ferreirense Alex Magalhães participou com o poema Democracia Racial. Segundo Alex, o poema é uma declaração contra segregação e qualquer preconceito racial.
Esse ano, no dia 31 de outubro de 2014, acontecerá o Declame para Drummond 2014, organizado pela mesma Marina Mara. O evento contará com a participação de 180 poetas e entre os participantes estará o escritor Alex Magalhães. O evento, que ocorrerá em Brasília, terá a circulação de poesia autoral, vídeo documental e filme sobre a vida de Carlos Drummond de Andrade, além de sarau com microfone aberto para declamação de poesia. O evento finalizará às 21 hs com a liberação de 180 balões com gás branco, para serem encontrados no meio dos caminhos de Brasília.
“A ideia da Marina é uma construção eclética para diversificação da poesia brasileira e a confirmação da perpetuidade da poesia de Drummond, o que fica caracterizado como um marco nacional nas memórias das almas que não sabem o que é Drummond de Andrade”, relatou Alex”.
Para o escritor ferreirense, a intelectualidade da poesia de Carlos Drummond é um convite à reflexão e ao estudo profundo da língua portuguesa, para conhecer além do simples linguajar nacional, mas a introdução a se tornar um poliglota da própria língua portuguesa e isso se alcança com livros, leitura e aprofundamento do jogo de palavras.
Ao evento desse ano, Alex se inscreveu com o poema “São Paulo”, escrito pelo escritor quando esteve em uma de suas Odisseias na capital paulistana e lá, segundo ele, é um grande postal para a inspiração e para criação de poesias.
SÃO PAULO.
Alex Souza Magalhães.
O olhar sob os olhares das sombras
que se projetam em cima dos olhos da metrópole.
E a superpopulação inchando o asfalto,
as ruas, as Avenidas, o concreto.
Nervo de aço, crepúsculo de fantasias,
desses encontros e desencontros
que abastecem os sentimentos urbanos da cidade.
Os ciganos migram do Bexiga, Barra – Funda, Lapa,
sem identidade, de passagem entre as rosas e o Paraíso,
circulam no tempo, no vento,
e a garoa vem e vai levando os sonhos, o sono,
de quem sonha acordado.
Tomara os sonhos não enroscarem na burguesia
de algum arranha-céu!
Desse céu congestionado e estacionado nas cinzas,
nas nuvens que carregam os gases, a indiferença,
que tanto poluem a esperança
de um tempo que não vai voltar para viver.
São Paulo! São Paulo! Ângulos sem exatidão,
geometrias e simetrias em busca da perfeição.
cresce e aumenta o volume do pensamento,
do beco, do gueto, da viela, da favela,
e disputam entre os automóveis, imóveis,
espaço entre o céu e a terra.
São Paulo… Vigia… A guerra é a vigília,
nas matilhas, nas trilhas,
que se fundem e confundem
entre o congestionamento da morte e vida metropolitana.
Amai a paz, ou deixai-a em paz!
Oriunda da balas, da pólvora,
que não se calam e silenciam a liberdade.
Saudade maior não existe.