A mente é um campo de batalha. Por essa estrada há a decisão racional por onde se deve caminhar, ou não. A mente tem a façanha de projetar o indivíduo para o mundo dos heróis ou dos vilões, da democracia ou da escravidão mental.
Há tempos, a psicologia e a psicanálise vêm traçando o perfil psicológico de grandes vencedores assim como o perfil sombrio e macabro de grandes psicopatas da liberdade moral. Tanto os vencedores quanto os psicopatas nascem na mente do mundo. Um mundo que aprendeu amar a odiar. A guerra é a prova disso. A vilã folclórica da democracia, subversiva a liberdade de expressão, tem feito escola. Há simpatizante da bizarra anátema, que canalizou o mesmo desejo de fazer fama. Os ditadores fazem fama. Fazem sarcasmo. Os valores morais do mundo inverteram. Chamam o mal de bem e o bem de mal. Os vilões são heróis e os heróis são os idiotas da contrafação.
É o fim? Dizem que é o Apocalipse. Qual? Do Estado Islâmico? O Apocalipse é o fato do dia. Há guerra, rumores de guerra, fome, terremoto, tsunami, crise econômica. Isso é Apocalipse? Isso é a mente de um mundo que aprendeu odiar a amar. Estamos todos envolvidos. O desrespeito, a prepotência, crises de raivas causadas pelo fracasso ou pelas frustrações; crises mentais são as principais causas de violência no mundo.
Mundo caduco. Doente. Há afrontamento e outros tipos de violências, que podem serem interpretadas como uma tentativa de corrigir o que o diálogo, a compreensão, a fraternidade, o respeito, a amizade, a paz e o amor não são capazes de fazer. E há humanos racionais que temem ler o livro do Apocalipse. Querem transformá-lo no Show Business da aberração. Apocalipse significa revelação. Revelação do que? Da luta entre o bem o mal. Da prepotência das grandes nações, dos grandes sistemas religiosos e políticos da terra. É o louvor dos perseguidos e injustiçados, enxergando com atraso a justiça no mundo.
Não há nenhum desejo de vingança se materializando. Se fosse assim, não seria o Apocalipse de Deus. Seria o apocalipse de Bin Laden, de Vladimir Putin, de Nicolás Maduro. Apocalipse não é o livro da massa – toda unanimidade é burra.
Tempos atrás havia o livre arbítrio, os formadores de opiniões podiam opinar sobre o apocalipse, sobre a corrupção, sobre a ditadura. E o apocalipse se tornou o fato do dia. Não falo do Apocalipse de Deus. Os Apocalipse do Estado Islâmico, da Al Qaida, do Comunismo-capitalista. E somos convidados a assistir esse entretenimento bizarro de camarote, no conforto do sofá da sala, de forma natural. Mas temos medo de assistir a revelação de Deus.
De novo vem o apocalipse. O bizarro. Às vezes, o apocalipse de um mundo que está em decadência, recai sobre nós. A sociedade crucifica Deus, Jesus Cristo e aplaude Barrabás. E grita por paz. Justiça. Assim, só conseguiremos alcançar mais rápido o triste e cruel destino dos mortais, porque gostamos do Apocalipse de Bin Laden, de Vladimir Putin, de Nicolás Maduro. Mas corremos milhas e milhas do Apocalipse de Deus. A gritaria por paz e justiça será música para um mundo que chama o bem de mal e o mal de bem. Um mundo que aprendeu amar a odiar.
* Alex Magalhães Rocha é escritor em Porto Ferreira