Um fim para cultura de impunidade

Nos últimos meses a operação “Lava Jato” tem surpreendido a sociedade brasileira pelos enormes escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, lideranças políticas e empresariais no país.

A Polícia Federal, através de suas investigações já descobriu um esquema que envolveu quase 500 pessoas no desvio de R$ 2 bilhões em contratos da maior empresa estatal brasileira. Por uma atuação firme do Poder Judiciário, contrariando a regra de que “ricos” não sofrem os rigores da lei, 82 acusados foram presos. Entre os presos estão presidentes das maiores empreiteiras no país, ex-deputados, políticos, diretores da petrolífera, e representantes de grupos financeiros.

Após o episódio conhecido como Mensalão, a Lava Jato se tornou o maior caso de corrupção na história do país. Mais importante do que estarmos assistindo as tristes descobertas de tanta malversação de dinheiro público, é que também estamos assistindo uma atuação rigorosa do poder público para acabar com a cultura de impunidade entre as classes mais ricas brasileiras. A imprensa internacional tem reconhecido isso.

O norte-americano Wall Street Journal afirmou que, apesar dos efeitos negativos dos escândalos, a operação Lava Jato fez com que “polícia e órgãos judiciais emergissem como instituições independentes em uma nação onde ricos e poderosos escaparam de punições por muito tempo.” Esse fato também merece destaque.

Respeito o direito constitucional da inocência até que se “julgue” o contrário, não vamos presumir o final deste caso histórico. Mas que a atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal tem surpreendido positivamente a sociedade brasileira, não há dúvidas.

Parece que aos poucos os brasileiros não querem mais ser reconhecidos como “homens cordiais”, como dizia Sérgio Buarque de Holanda. O país do “jeitinho” e da “malandragem” não abandona suas raízes culturais, mas passa a praticar a difícil tarefa de corrigir suas práticas. Entre as quais, a da corrupção.

Desde que iniciei minha atuação pública, repleto de sonhos, propostas e ideais, lutei por um Legislativo fiscalizador do dinheiro público. Em diversos momentos em que constatei irregularidades, fui criticado por ir contra o “sistema”. Até mesmo quando levei ao Ministério Público questões polêmicas, ouvia dos mais experientes: “Isso não vai dar nada!”. Não foi bem assim. A própria população assistiu o desfecho de boa parte destas histórias, e não foram finais de impunidade.

Ainda que em um sistema judicial demorado, pela sobrecarga de processos e pelo excesso de zelo de nossa legislação, que permite diversos recursos para evitar punir o inocente, hoje somos melhores do que décadas atrás. Muitas dessas coisas ocorriam, poucas eram descobertas, muitas outras se quer eram tidas como práticas abusivas e ilegais.

Quando amigos me dizem que “não assistiremos uma melhora no país”, argumento que nosso tempo de vida é pequeno pra visualizar as grandes conquistas que acontecem na sociedade todos os dias. Quer prova maior do que a escravidão, e suas repugnantes práticas, há pouco mais de 100 anos? Hoje temos consciência e vergonha dos atos praticados em virtude do preconceito, buscamos todos os dias reparar os danos causados por este crime histórico.

Uma certeza me fica: um século pode ser muito pra uma vida humana, porém é muito pouco pra história de um país.

Sinto, hoje mais do antes, que o caminho que trilhamos está no rumo certo. Estamos encontrando os desvios, corrigindo os erros e finalmente punindo os que decidem praticar a improbidade. Eu acredito na seriedade, na eficiência, na honestidade e na qualificação dos gestores públicos como solução para os problemas de nossa sociedade. Eu acredito na Justiça. Eu acredito no Brasil.

* O autor é vereador em Porto Ferreira
O texto é de responsabilidade do autor, não representando, necessariamente, a opinião do site.

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