É com pesar, que afirmo ter ouvido recentemente a frase: “antes do crack, depois do crack”. O que de fato parece ter dividido a sociedade pós moderna em dois períodos. Antes do crack, a sociedade era conservadora, amigável, confiável, honesta, respeitosa. Digo a sociedade, porque há no atual momento uma sociedade fragmentada, deteriorada por todos os elementos criptônios, entre as quais está o elo perdido com a moral, ética e respeito. Desacatar, desmoralizar, mentir, corromper, individualizar, faltar com o pudor, ego-amar, manipular, tornou-se uma “virtude estética da atual sociedade.
Facetas explicitas, onde antes do crack, havia um cuidado com o caráter, com a palavra, com a ordem e a decência. Antes do crack, diziam os especialistas que um indivíduo necessitava profissionalizar-se, criar uma reputação para ser bem sucedido, o que espatifou-se após o crack. Salve as exceções, não há mais uma linha de conduta clara e perceptível, que conduz o profissional honesto, trabalhador para o patamar elevado pela capacidade de prestar serviço.
O crack influenciou o mercado de trabalho? A mentalidade foi bruscamente alterada depois do crack? Assim como muitos sãos os jovens que poderiam estar atuantes no mercado de trabalho, porque estão vivenciando o submundo do vício, a forma antagônica e subversiva a verdade também influenciou a mentalidade do empregador, que não tem em suas palavras o diagnóstico da honestidade e verdade. Promessas que antes do crack eram feitas e cumpridas à risca, hoje são palavras com elementos de emoções.
É! O crack dividiu o mundo. Famílias se tornaram fragilizadas, o ser humano cada vez mais imponte para lutar contra essa praga, que devasta a sociedades. Leis frouxas que contribuem de maneira veemente para essa pandemia. O silêncio tem sido a resposta de centenas de cidadãos que se encontram impotentes, frágeis e totalmente reféns desse mundo, trancados em seus lares, escondidos em verdadeiras fortalezas com muros que mais assemelham muralhas; cercas elétricas, câmeras de segurança com resolução de última geração como forma impotente de coibir o rastro que o crack deixa; segurança particular disponível à elite e nada disso traz segurança. O medo é o louvor de uma sociedade que contempla o crack devastar seres humanos, como se estivesse estraçalhando folha de papelão.
As aplicações de políticas públicas diante do universo obscuro do crack, assemelha-se a uma ameba em desenvolvimento, com átomos deficientes ou a um idoso cansado que necessita de assistência para existir. O poder, o prestigio estão distribuídos entre os poderosos senhores que alimentam o crack, que destroem famílias e aniquilam seres humanos como se fossem anfíbios ou repteis.
Antes do crack não haviam tantos “sobrantes inúteis” na sociedade. Após o crack, houve uma castração imensa da utilidade moral, ética e profissional do indivíduo e os elementos que processam em desenvolvimento sãos em demasia os hospitais psiquiátricos e clinicas de recuperação para usuários do crack.
De fato, o crack dividiu o mundo. É uma realidade que está longe do fim. Em nome da “necessidade de reforma” de políticas públicas e de produzir serviços que ampliem a visão da marginalidade que o crack efetuou, um estado de funções é preciso para conservar os princípios, a moral que abordavam o conceito democrático da sociedade. O desmonte de um mundo criando na escuridão para alienar o humano e torna-lo vítima de seus próprios desejos perversos e egocêntricos, é necessário. Mas diante da propagação do crack, reflita e descreva detalhadamente como ficará o mundo após o crack.
* Alex Magalhães, o autor do texto, é formado em serviço social, é poeta, escritor e autor do livro o Sucateamento do Famoso Paraíso dos Sonhos Humanos